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quinta-feira, 16 de julho de 2009

gaiola

Ar de vítima, e vítima acuada, do tipo medrosa. Achou impossível manter os pés ainda dispostos a deslizar entre o térreo e o apartamento sessenta e tres. Acendeu o cigarro como se esfaqueasse alguém. Um golpe de filtro vermelho que ao invés de sangrar fazia fumaça, não tinha ponta de corte mais se sentia tão poderosa como se portasse realmente uma faca entre as mãos. Ao sair do prédio foi golpeada de uma só vez contra os graus abaixo de qualquer coisa. O vento lhe cortou três vezes o rosto, fez do frio chagas em seus ombros, e da beleza quente um rosto gélido, petrificado em sua fúria. Como se antes de morrer cada pessoa pudesse escolher a expressão na qual seria enterrada. Naquele dia, e somente nesse, ela escolheu morrer de liberdade.

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