Estou há dias tentando escrever um novo capítulo, e eu simplesmente não consigo. Queria fazer das minhas palavras uma espécie de esboço, onde eu pudesse erguer uma porta dos fundos e descrever uma fuga homérica de todo esse oco cheio de nada em que me perco e me encontro e me confundo e me escondo. Mas é como se eu brigasse com as minhas lembranças e saísse sempre uma casquinha da ferida, fazendo com que sangre novamente. E até que eu aprenda que não sou eu quem devo sair de dentro de mim...
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
em dia nublado
Arrastada do asfalto, uma folha dançava com o vento, e foi seguindo música até seus pés. E eu a enxergava de costas, esperando. Apenas isso, ela esperava por mim. Parei alguns segundos, só para assistir alguém que esperava por mim. Depois um cinza frio pintava o céu, e alguns engasgos de trovão pediam chuva. Eu me aproximei, e ela me sentiu. Virou-se e me sorriu. Apenas isso, ela me sorriu.
domingo, 7 de novembro de 2010
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
conselhos (de botas e calos batidos)
Não, amigo. Não é assim. Não é assim que você vai mantê-la aí, do seu lado. Não com essa força no abraço. Abraço que segura. Abraço que sufoca. Amigo, me escuta. Eu sei o que eu to falando. Eu a conheço bem. E eu sei que você gosta muito dela. Por isso, amigo, me escuta. Não é assim não. Não com essa sua fome de amor. Não com essa sua vontade de engoli-la. Não com essa vontade toda de fugir com ela por cima dos ombros. Amigo, peraí. Me escuta. Ele não é troféu. Ela não é segredo. Ela não é pertence. Ela não é sagrada. Ela tem defeitos – você não vê? Ela tem vida. E vive. Ela vive. Você não quer ver? Amigo, perai, por favor. Me escuta. Você ta indo rápido demais. Volta aqui um pouquinho. Senta. Ouve o que to te falando. Não corre assim pros braços dela. Ela engana. É atriz. É malvada. É insana. Ela cansa. Ela usa. Amigo, eu to te avisando. Volta aqui, por favor. Amigo? Amigo? ...
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