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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

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Foi como um salto que eu não dei, e já era a hora de pular. Então voltou a sensação de que não pertenço a lugar nenhum, de que os dias que vivo ainda não são os meus, fazendo de mim apenas um ponto de intermédio. Não é sobre mim que se passa a minha história, é sobre a espera. É sobre eu estar dentro de uma pausa na minha própria vida, e não me lembrar onde coloquei meu controle remoto. E desse cenário que eu me encontrei, ainda nem um fim eu consegui montar.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

percepção

Tudo o que eu quis vi em você. E é dos sorrisos que lembro mais, suas lembranças me fazem cócegas. E encontrei um novo sentido para as nuvens, e um novo céu atrás das árvores que só se repara apaixonado. Foi como encontrar o muito no pouco, quando das despedidas sempre sobra em mim um pouco de você.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

do sono, e para a sua ausência

Do sono que eu fugia ontem a noite, eu fugia para os seus olhos. E te pedia com meu corpo encostado no seu que não dormisse, que meus beijos te acordassem, que minhas mãos despertassem a vontade que repartíamos, porque já não tinha janela que iluminasse um dia melhor. A menos que a noite se estendesse em outros dias corridos, e o tempo se contasse diferente, ou escapássemos dos relógios, e não batessem à nossa porta, e não tocassem os celulares, e nem cantassem os pássaros ou levantasse a cidade. Somente assim então, eu ainda agora estaria refugiada nos seus olhos.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

dos gestos

As palavras já tomam formas diferentes em nossas conversas. E tomam formas mais diferentes ainda quando não se dá pra dizer perfeitamente o que se tem do lado de dentro. E dentro de mim, as coisas se atropelam e nada para pra ser dito. Entende? Enquanto eu o observo cresce um amontoado abstrato de sensações. E eu poderia só olhar: a linha dos seus olhos, o contorno da sua boca, a textura da pele nos seus ombros e pescoço, a luz brincando com os cabelos; passam lentamente pela minha retina distraída nos detalhes. Das vezes que o som da minha voz volta forte, a velocidade segue seu curso normal em volta, e como num tropeço eu só lhe falo, repito... as mesmas palavras. É tudo que eu consigo pensar nos intervalos de distração por admiração. E cada toque dele, olhar e palavra, tem ênfase. O que ele faz com naturalidade chega feito um exagero aos meus sentidos, todos rendidos.

terça-feira, 2 de abril de 2013

uma pausa

Já fui e já quis ser tanta coisa, que não sei dizer quem sou. Quando penso em mim, e tento me descrever diante desse papel em branco... só consigo sentir identificação. Identificação, é a palavra que me vem. Soa estranho dizer isso, mas me identifico com quem sou hoje. Na verdade, nem deveria ser tão estranho assim, porque há quem não se identifique consigo mesmo. E olha, posso dizer, é um sentimento incrível. Eu já me odiei muitas vezes, já quis fugir de mim, abandonar meu corpo. Mas acabou, mudei, sei lá. E hoje, eu sou eu.
Dá pra entender? Sou como esse papel em branco. Não vazio. Mas sim apto a uma nova história. Aberto ao mundo. E dessa vez, sinto que a caneta esta em minhas mãos. Tô vivendo uma vida que me faz feliz, tô buscando meus objetivos e acreditando que realizarei meus sonhos. Não esta tudo perfeito, e nunca estará. Pois é. Mas o que tenho basta, sabe? E se bastar é incrível.
Sim, eu quero mais. É claro que eu quero mais. A gente sempre quer mais! Mas hoje eu parei pra escrever apenas que eu estou feliz. Eu estou serena. Eu estou eu. E eu gosto de mim como sou hoje. Estou dando nota disso, pra me lembrar de parar outras vezes pra pensar nisso. É bom se admirar de vez em quando, e deixar um pouco toda ganancia e ambição de lado. Esquecer um pouco que você ainda não é o que quer ser, não tem tudo que precisa. Isso é exaustivo demais. É bom, as vezes, se sentir completo só de ser você.

quinta-feira, 7 de março de 2013

segredos

Segredos são desvendados quase em silêncio. Na pele que encosta e dá sinal de que gosta. No olho que fecha, na boca que escancara, no ar que circula entre o lado de dentro e o lado de fora. Segredos são sinfonias íntimas, sem letra, sem canto, sem dicas. Segredos são mudos, discretos e indiscretos. Segredos são quentes. Não se diz como é. Descobre-se. Tenta-se e ele se revela por si só. O corpo denuncia que arde, denuncia que vibra, que morde. O segredo escapa. As mãos procuram, vasculham. E as mãos não vêem. Elas traduzem. O braile dos poros, dos pêlos, dos pares. O segredo dispara, confunde-se entre o talvez eu morra e talvez eu nasça. O que acontece com o segredo quando o segredo acontece? Em quanto tempo se aquieta a alma dentro de um corpo que goza? O quanto se dilata sua pupila, seu pulmão, sua mente? Sem entorpecentes, sem álcool, sem anestesia. O quanto você suporta de caos para que então venha a ordem?

domingo, 3 de fevereiro de 2013

sobre o desejo da meia noite

Será que é mesmo tanta ingenuidade minha de querer você assim, desse jeito? É que eu já imaginei como tudo poderia ser lá na frente, e escrevi em algumas folhas de caderno o rascunho do nosso futuro. Você seria tudo o que eu mais poderia querer, e eu te acompanharia pelas nuvens dos seus sonhos. O teto do seu quarto seria o nosso céu favorito, e o cheiro do seu travesseiro ficaria preso na minha roupa. A varanda descansaria a maioria das nossas conversas, e eu seria íntima de todos os seus pijamas. E eu sei, sei que ficaria sempre bem se todos os nossos beijos terminassem em sorrisos.

10/2012

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

de cócegas, sorrisos largos e amor.

Minha auto-destruição, meus cadeados, meu pé atras, minhas vozes inquietas e internas me pediram imploraram que eu devia ter te matado. E eu devia ter te matado. Devia ter te matado antes de olhar tão tão fundo e ver seu olho-cor-de-tudo e entender que são essas as cores que me prendem. Mas eu não te matei, e agora você que me mata

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

tudo novo

Sei que uso as mesmas palavras, sei que insisto em vaguear sobre historias um tanto dramáticas ou muito românticas, ou as duas coisas juntas - não sei escrever sobre o que acontece fora de mim. Mas garanto que é direcionado a novos rostos.
 Aqui escrevo de dois mil e treze, de um número impar, mas que vira par, correndo pra não estar sozinho. E quando par é dois, quando par somos eu e você, as manhãs, as tardes e as noites não são tão longas quanto as madrugadas que fogem tanto de mim e do meu controle do tempo. Posso, talvez, nem te amar pra sempre e te querer eternamente e essas coisas todas que as pessoas dizem sem poder garantir, mas esse tipo de declarações, pra mim, já não são a motivação de tudo...
O ar que eu respiro pode me acordar e o som da chuva me dormir como criança. E eu posso sorrir com qualquer palavra sua ou simplesmente bocejar bem grande, nem dependeria de você. Eu falo de bom humor, de ter a sorte de acordar bem. Da sorte que é acordar do seu lado.