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quarta-feira, 27 de maio de 2009

Só, assim - parte 2

Sem Sentidos

[...] guardando um ultimo suspiro, um ultimo impulso pro fim que se anunciava como uma nova tentativa de começo. Abrindo os olhos, mostrava as pupilas para alguém que a olhava por entre a alternância do obscuro e da luminosidade que incindia nos poros, nos pelos. Que invadia os cantos mais secretos, trazendo às mãos a vontade de dar carinho, trazendo à boca o desejo de receber um convite, quiçá, uma invasão. Chegando a manhã, os músculos relaxados, o cérebro oxigenado, os pulmões expandidos, pensara em dar mais uma chance a vida.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Sinônimo da mesma coisa

Sorriu para o chão como se sentisse vergonha e continuou andando. O sol aparecia, mas a sombra ainda segurava o frio. Foi então que ela, aversa à mudanças, quis voltar. Saiu pela porta dos fundos, disse que fugia da rotina. Mas ela estava lá, ela ainda estava lá.

domingo, 24 de maio de 2009

sobre minha desesperança

Sou livre: já não me resta nenhuma razão para viver, todas as que tentei cederam e já não posso imaginar outras. Ainda sou bastante jovem, ainda tenho força bastante para recomeçar. Mas recomeçar o quê? Só agora compreendo o quanto, no auge de meus terrores, de minhas náuseas, tinha contado com alguém para me salvar. Meu passado está morto. O Sr. Ilusões está morto, este só retornou para me tirar toda a esperança. Estou sozinho nesta rua branca guarnecida de jardins. Sozinho e livre. Mas essa liberdade se assemelha um pouco à morte.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

sobre a caixa vazia

Essa caixa vazia se assemelha ao estado de minha alma hoje. Essa caixa tão bonita por fora, tão bonita por dentro, mas vazia. Essa caixa cheia de nada. Essa alma tão bem cuidada por fora, pra que ninguém lhe fira, tão bem cuidada por dentro, pra quem adentrar não querer adentrar tão fundo. Cada porta da alma trancada com cuidado. Hoje minha alma parece um corredor cheio de portas. Fechadas. Hoje minha alma é vazia como essa caixa.Tão bela pela certeza de existir, e pela mesma beleza displicentemente arrogante de existir tão cheia de solidão.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

você me suga

Estes olhos frios, pretos se olham no espelho. Olhos sujos, olhos pesados de tanto cansaço. Tanto cansaço que fizeram questão de ter. Mas esses olhos brilham, e não querem se fechar jamais longe dos seus, não querem jamais que não seja pra suspirar lentamente. Os meus olhos hoje, já tão marcados pela vivência, só queriam mesmo não ter que esconder o caos que se faz por trás deles. Por trás de olhos distantes se esconde o que ninguém poderia ver nem de perto. Quando quiseram falar, estes olhos só puderam calar, quando quiseram ouvir, estes olhos só tiveram silêncio, estes olhos só souberam chorar. Agora que estes olhos só anseiam, só anseiam te ver.

terça-feira, 19 de maio de 2009

mãos dadas com a covardia

Eu só queria pegar uma carona para outro lugar, já não estou onde quero. Pouco do que tenho hoje tem alguma ligação direta com o que realmente quero ter, ser. E ter... ter é um problema. Um dos pensamentos mais antigos que carrego é o de que a gente nunca quer o que tem, uma maldição. Não! Droga! O que me desperta vontade é tão subjetivo e onírico, que me faz fugir. E sabe, eu até enxergo certa beleza na covardia.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

terça-feira, 12 de maio de 2009

espera

Não sei de quem é a culpa, mas vou culpar esse sentimento de desperdício. A sua não-presença tomou muito das minhas ações. E omitindo parágrafos, e as poucas idéias que pipocaram na minha cabeça. Falta de reação. Já não correspondo à minha idade. Para falar a verdade, é ela que não corresponde mais, e perdeu a maioria do significado assim.
Os dias passam lentamente e sem serem percebidos, da mesma forma que as minhas vontades, ignoradas uma a uma. Quero falar alto mesmo sem ao menos medir as palavras, quero tirar os sapatos parar sujar as meias, quero trocar meu armário, mas mais do que tudo, quero me esquecer naquele colchão. Eu só fiquei com o medo, e não tem tempo para querer. Tenho que ficar parada, assim, nessa direção que me colocaram. Até tentei me deixar enganar, mas o lado bom é o meu lado.
Antes do antes eu precisava de quase nada. Agora deixei a melhor parte de mim para alguém longe daqui. E mesmo longe eu não consigo ficar longe. Por mais que eu esteja onde estou, eu não estou mais presente.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

pensei, ponto

As promessas são feitas para serem quebradas. E o perigo delas é essa segurança - falsa, já digo logo. Existem coisas que só cabem nas palavras, como um sentimento eterno por alguns minutos. Porém, ainda existe o que só cabe nele mesmo, e quem caiba apenas no silêncio, escondido com o medo de perder por uma frase piegas.

sábado, 9 de maio de 2009

Só, assim

Depois a noite atrofiava os músculos, depois o tédio atrofiava o cérebro, e foi assim, depois que o pulmão virou fumaça. Bem, não era nada, nem era alguém. Já não era. E se fosse, no vai e vem dessas idéias cansadas, qualquer um perderia seus sentidos. Ia dando descaso à vontade de falar, fechando-se à vontade de ouvir, mostrava as pálpebras para não olhar, deitava de bruços para as palmas não tocar. Depois se afogando na preguiça, no mar de sono posto um travesseiro, foi o fim. Dormindo um tempo que não tinha, desistindo de desistir da desistência.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Por que vale sofrer?

Seja rápido, não perca tempo, chute a primeira resposta que vem a sua cabeça.
Tente agir direto no ponto crucial, seja direto, ou...
Ouça a mesma música incessantemente.
Leia aquele trecho do livro e desvende o que o deixa curioso.
Refresque a mente com doses fortes e doces da melhor qualidade.
Assista aquele filme que tanto te fez pensar sobre o sentido da vida.
Ande sozinho por aí, admirando seus gostos esquisitos.
Recomendo companhias agradáveis que lhe dê conselhos sábios.
Olhares sempre são um termômetro ágil para esses casos.
No fim das contas, você vai pensar que tudo isso foi uma bobagem, que se repetirá.

Só não esqueça o casaco, hoje faz frio lá fora.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A volta do subjetivo

Eu viro pro lado, me cubro, descubro, e não durmo. A janela ainda que fechada me traz vento, e eu sinto frio, um frio por dentro. Não me lembro dos sonhos, puro medo dos segredos que escondo de mim. A noite anestesia, e o dia... é só o dia. De tudo o que eu preciso, não quero mais precisar.