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sábado, 28 de junho de 2008

O se não existe

E se meus olhos tivessem mesmo virado fumaça e a calçada uma cama, o nosso tempo seria aquele único minuto para sempre. Se as luzes fossem embaçadas por menos de um efeito, o chão e o céu se misturariam desfazendo o nosso limite. Se miligramas de lagrimas não distraísse nosso corpo, não nos sentiríamos como um sentimento de vento. Se eu fosse você, meu coração ocuparia o peito inteiro. Se eu não tivesse nascido para você, simplesmente não existiria.


[Feliz 5 meses!]

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Tempo perdido

Os olhos cansados não dão trégua, e o cansaço faz que rola na cama, te cutuca, te chama para acordar, acordar sem nem ao menos ter dormido. É o tempo perdido; no escuro de becos intravenosos, em sussurros e suspiros de batimentos cardíacos, nas palavras esperando por não serem ditas.
A gente se cala na poeira, se mantém em desuso. Mas se apaixona por planos jogados nas calçadas, pendendo entre as valetas da rua. Que infantilidade querer chamar a atenção de nós mesmos para estímulos de pseudovida e falsa liberdade. Pois falta sono e sonhos palpáveis, litros de cafeína e quilos de chocolate que poderiam se tornar a cura da ansiedade.
Mas deixa que eu me resolva na distração da tentativa de descrever o gosto do céu onde você me tem levado durante todos esses dias, e gastarei a eternidade tentando dizer o que assisto nos seus olhos. Preciso da sua certeza de me ter em seus braços por todos os seus amanhãs.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Um ano e mais um dia.

Deitada no assoalho, molhando a manga da blusa com dores de cutuvelo, dormiu. Afastou os pensamentos das noites de festa em avenida movimentada, dos abraços com cheiro de confiança, das rodinhas de violão com músicas repetidas. Desfez os sorrisos falsos. Chorava a nostalgia, e a falta de tato que tinha o passado. Era a perda, não de uma pessoa, mas de muitas personalidades. Reclamava o começo de um fim, gritava o distanciamento da juventude. Primeiro foram lhe tirando o chão, depois lhe foi imposto um teto. Os joelhos que já não funcionavam mais, dobraram e cobriram a barriga. Por horas, ainda ao assoalho, ficou em formato de feto com os olhos vendados pelas lágrimas. Abafou a respiração e passou a rir, num ponto de desespero. Deu-se conta que outra menina sentará no seu lugar, abraçará seus outros amigos, cantará as mesmas músicas e vai rir das mesmas coisas. Ninguém é insubstituível por tanto tempo.