Páginas

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

[nomeretirado]

Vamos começar pela lua. Como pode ser tão grande e caber nos seus olhos? É um tipo de reflexo que eu queria em mim. E depois, é ela quem fica de lanterna para os nossos passos quando é noite. Nunca nem escondi que prefiro as noites, que prefiro esquecer a hora de voltar, que te prefiro quando o céu está escuro. Em pensar que as estrelas sempre vão precisar do céu apagado para brilhar, alheia a isto, mesmo quando já se fez manhã e estamos indo para nossas casas, a lua permanece mais algumas horas pendurada a cima de nossas cabeças.
Prender as mãos, mantê-las cruzando nossos pulsos. Tenho certeza que elas odeiam os postes e as esquinas complicadas que tentam separá-las. Mal consigo me importar se as palmas estão suadas, ou tremendamente geladas, enquanto simplesmente estivermos de mãos dadas. E carinho, carinho se mostra com mãos, com um leve toque, seja nos cabelos, no braço, na perna, nos pés, ou desenhando a forma do rosto. As suas mãos falam. Aquela mão tímida que quebra a distância de uma mesa para dois, atravessando pratos, copos e saleiros em busca de companhia. Aquela mão que me cutuca discretamente enquanto qualquer um fala, só para que eu saiba que pensamos na mesma coisa. Aquela sua mão que me aperta a cintura, que me puxa com força para levar a minha boca até a sua.
O seu gosto não me enjoa, não me farta, não tem fim. Decorei cada pedacinho da sua boca, você sabe, preciso dela ainda assim. Nossos lábios já tomaram um a forma do outro, do mesmo jeito que o travesseiro te acomoda a cabeça na hora de dormir. Eu gosto mais de dormir com nossos lábios colados, respirando o mesmo ar que te faz respirar. O mesmo ar que encontra meu ouvido e me faz arrepiar...


[fimretirado]