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domingo, 26 de abril de 2009

é difícil continuar

Desliga essa porra, agora!

Não quero mais saber disso. Cansei. Meu cérebro não aguenta. Está exaurido, enxuto, seco. Como um lençol freático que murcha ao ser furado pela agulha cilíndrica de metal.

Ta demorando pra apagar porquê?
Será que vou ter que berrar implorando?
Apaga essa merda! Agora!

Ofusca demais essa visão. Me sinto carregando uma cruz de bronze, ao invés daquela de madeira que pregaram o pobre coitado que nada tinha a ver com a história toda.

Apaga. Por favor, apaga.
Da minha frente, da minha mente e dos meus olhos.

Essa luz de aleivosia que eu vejo, dentro da lâmpada das memórias. Apaga.

Preciso da escuridão de novo, para que a luz nasça novamente.

É só passar a mão pela parede e resvalar no interruptor...
Apaga? Por favor, apaga?

quinta-feira, 16 de abril de 2009

sem ponto

Título que é título não tem ponto. Vida que é vida não tem plano. Homem que é homem não dispensa uma mulher. Mulher que é mulher não vive sem comprar. Gente que é gente não tem vergonha. Amor que é amor machuca. Dor que é dor destroça. Sexo que é sexo é impossível. Carinho que é carinho é gostoso. Generalização que é generalização é mentira. Mentira que é mentira não dura. Relacionamento que é relacionamento tem você. Vitória que é vitória ganha aplausos. Derrota que é derrota é vaiada. Vingança que é vingança é fria. Abraço que é abraço é aconchegante. Orgulho que é orgulho é ferido. Eu que sou eu não sei nada de ninguém.

terça-feira, 14 de abril de 2009

citando Caio F.

"... Mas quando desvio meu olho do teu, dentro de mim guardo sempre teu rosto e sei que por escolha ou fatalidade, não importa, estamos tão enredados que seria impossível recuar para não ir até o fim e o fundo disso que nunca vivi antes e talvez tenha inventado apenas para me distrair nesses dias onde aparentemente nada acontece e tenha inventado quem sabe em ti um brinquedo semelhante ao meu para que não passem tão desertas as manhãs e as tardes buscando motivos para os sustos e as insônias e as inúteis esperas ardentes e loucas invenções noturnas, e lentamente falas, e lentamente calo, e lentamente aceito, e lentamente quebro, e lentamente caio cada vez mais fundo e já não consigo voltar à tona porque a mão que me estendes ao invés de me emergir me afunda mais e mais enquanto dizes e contas e repetes essas histórias longas, essas histórias loucas como esta que acabaria aqui, agora, assim, se outra vez não viesses e me cegasses e me afogasses nesse mar aberto que nós sabemos que não acaba assim nem agora nem aqui".



Uso das palavras dos outros
por não saber mais como usar as minhas.

domingo, 12 de abril de 2009

absolute beginners

contanto que estejamos juntos
o resto pode ir para o inferno
eu absolutamente amo você
(mas) nós somos principiantes absolutos.



- Bowie

domingo, 5 de abril de 2009

Zequinha

Costumo sorrir sozinha as vezes quando nada parece ter solução, nem que seja só para inspirar felicidade ou dizer ao universo que por mais que ele esteja o tempo todo me desconstruindo, consigo sorrir. Tanto 'ópio pra sarar a dor' criou um abismo para o encontrar-me-comigo-mesma de cara limpa. Agora ou me atiro ou busco ajuda, e esta ajuda bem ou mal, terei que buscar dentro de mim.S uponho que a enfermidade venha a tempo de refletir o quanto tento me matar pouco a pouco cada dia. Chove agora e Zeca Baleiro cai muito bem: "Consegue perceber que uma chuva, uma tristeza pode ser uma beleza, e o frio, uma delicada forma de calor".

quinta-feira, 2 de abril de 2009

sobre quem sou

Essa minha mania de estragar tudo. Por que eu simplesmente não aceito logo as coisas como elas são? Preciso ficar sempre me sabotando, para depois parar e rir no espelho. Na verdade, eu só queria ter certeza de que não sinto isso sozinha. Não posso mais viver mergulhada nessas ilusões, no perigo de me afogar a qualquer momento.
Às vezes, odeio ser desse signo. É que eu queria relaxar mais, e conseguir fazer as coisas andarem sem precisar ficar planejando a minha vida toda o tempo todo, sem ficar criando falas que ninguém nunca irá interpretar. Tenho que divorciar as expectativas da minha cabeça, parar de abraçar o pessimismo, e largar mão de me conformar com a montanha de coisas que tive preguiça de consertar. O que mais me cansa, é estar cansada.
Quer saber o que eu queria mesmo? Conseguir dormir agora e pensar em nada, sonhar com algo que não faz parte dessa minha vida, e acordar amanhã plena. Queria voltar a ter vontade de correr, mas me sinto estagnada demais para isso. Acho que preciso parar de ficar querendo tanto. Droga! Devo ter enlouquecido.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

pra que perguntas?

Desiste de vez da minha mão, se sou só eu que seguro na sua. Não existe mais reciprocidade, não existe mais nós dois. Existe eu e você, separadamente. Quando o amor começa a desbotar, ele não pára. E desbota, e desbota, e desbota, preto no branco. Perdeu suas cores e seus sentidos. Perdeu as esperanças e as boas vontades. Você se perdeu no caminho pra casa. Eu me perdi completamente.

Onde você esteve nesse tempo crucial? O que você estava fazendo? Com quem você andava? Porque eu ainda pergunto? Pedidos ajoelhados nem se quer foram considerados.

E eu querendo que você cuide de mim, se foi eu quem me deixei descuidar.

Cansei, abrir mão de algo já sem valor é mais fácil do que continuar jogando pedras na minha própria ferida. Não entenda, como sempre. A culpa é sua, mas é mais minha.




Eu te amo.