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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

panorama

Quando olho dentro de mim, e mastigo tudo o que sobrou, entendo dessa sobra algo muito maior. E as mudanças não são mais sinônimo de qualquer coisa ruim - como a impressão que sempre carreguei comigo. Apenas alcanço mais longe com os olhos agora, como algo que se assemelhe a um grande caminho visto por cima. Dentro do meu panorama de vontades e sentimentos, eu sei muito bem onde posso, e onde quero chegar.
Vivemos morrendo por aí.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

reflexos

Eu tenho um pouco de medo das palavras. Eu tenho medo da interpretação dos outros, da pretensão. Tenho medo das ilusões, medo de tudo o que é, mesmo que pouco, distante, de tudo o que se afasta, e tenho mais medo ainda das coisas que eu não sei. E sabe, gosto de tornar tudo belo. Sou mesmo de colorir as lembranças, e enfeitar as conversas, sou de ensaiar momentos que seriam lindos mesmo sem meus ensaios... só que é disso que eu gosto. Mas eu já disse que tenho um pouco de medo das palavras? Eu tenho medo da interpretação dos outros, da pretensão. Tenho medo das ilusões, e tenho mais medo ainda das coisas que eu não sei.

sábado, 10 de novembro de 2012

sobre enxergar

Ele nunca a olhou de verdade, nunca passou os dedos sobre as pintinhas do pescoço dela, contando pra saber quantas eram. Não reparou em como ela muda o cabelo pra tentar saber como ele prefere. Não entendeu que o tamanho do sorrir dela é igual ao quase-desespero que ela esconde por gostar tanto dele. Ele nunca a enxergou. Não reparou que ela ta sempre lá, pra segurar a mão dele, apoiar sua cabeça, fazer massagem nos pés exaustos. Não viu ela caminhando com todo cuidado pra não pisar em nenhuma ferida que ele tenha do passado. Não percebeu que o olhar dela pede muito, mas muito mais... e que ela não consegue mais segurar seus próprios desejos, que não são ambiciosos, nem exagerados. Sempre houve a tendência não aceita por nenhum dos dois, mas inevitável. Ela, que quer, também cansa. Querer sozinho cansa, já haviam lhe avisado. E mesmo assim ela se aventurou, deu cara a tapa, sorriu pra sorte... Mas nem a sorte e nem ele viram esse sorriso. E ninguém aguenta viver acompanhada por sua própria invisibilidade.
"Adeus, amor... O mundo me espera brilhar, espera me ver indo longe, voar. O mundo quer brilho nos olhos de todo mundo que vive. E eu, que não reflito mais nos seus, quero voltar a me enxergar. Já cansei de ficar nesse escuro que é gostar de você."

terça-feira, 6 de novembro de 2012

digressão do meio dia

A pior sensação é essa que as vezes tenho de de que te vi na vitrine e não pude pagar. E passo todos os dias para te ver atrás do vidro, sem poder te levar embora. Como eu queria poder te levar embora!

Seis de Novembro

De palavras bem escritas e vidas paralelamente sintonizadas nasceu. De tudo que se viveu, que se vive e que ainda e vai viver ela sobrevive. E vive pra compartilhar sorrisos, multiplicando-os. E vive pra dividir tristezas, amenizando-as. Ela é a coisa mais preciosa que se pode criar entre duas pessoas: a amizade. Ou devo chamar de irmandade? Cumplicidade? Não sei, não importa e não precisa nomear, não precisa rotular. Só precisa estar lá. E a gente está. Uma pra outra, pra dar a mão, acolher, conversar, escutar, desabafar, aconselhar e sonhar... sonhos de lustres, almofadas, sacadas, viagens, histórias e muitos livros enfeitando nossas prateleiras. E tudo vai ser lindo e tudo vai ficar bem e sempre haverá nossa sintonia de irmãs com famílias diferentes. "Irmãs de alma". E hoje fazem trezentos e sessenta e cinco dias que alguém me entende.

Obrigada, Marcela Lima.

domingo, 4 de novembro de 2012

quando volta o romantismo

Não sei mesmo como entrei nessa situação, nada poderia ser mais inesperado. Juro que estava andando sem pressa, mantendo sempre a calma na frente. Mas tudo nele é tão viciante. Ainda não sei dizer o que é que ele tem. Ontem mesmo, eu estava dentro de um ônibus, tomando conta da minha vida, e ele apareceu em algum trecho de qualquer música que tocava nos meus fones de ouvido. A primeira coisa que fiz foi abrir a caixa de texto do meu celular para digitar algumas palavras para ele, daquelas palavras que adoramos ouvir. Não sou assim. Na verdade, sou. Mas estava mesmo mesmo tentando fugir desse negócio todo. Estava tentando ser alguém sensato, diferente do que já experimentei, e tentando não me deixar levar por ninguém. O pior é que ele não me leva, ele me traz. É esquisito, eu sei. A questão é que não me sinto perdida de mim, perdida na vida de uma outra pessoa. Estou certa das minhas próprias coisas. Ouso dizer que estou livre. E quando ele liberta as minhas frases rimadas, meus sonhos pintados, meus longos suspiros... Ele me traz, definitivamente, ele me traz de volta.