Ele nunca a olhou de verdade, nunca passou os dedos sobre as pintinhas do pescoço dela, contando pra saber quantas eram. Não reparou em como ela muda o cabelo pra tentar saber como ele prefere. Não entendeu que o tamanho do sorrir dela é igual ao quase-desespero que ela esconde por gostar tanto dele. Ele nunca a enxergou. Não reparou que ela ta sempre lá, pra segurar a mão dele, apoiar sua cabeça, fazer massagem nos pés exaustos. Não viu ela caminhando com todo cuidado pra não pisar em nenhuma ferida que ele tenha do passado. Não percebeu que o olhar dela pede muito, mas muito mais... e que ela não consegue mais segurar seus próprios desejos, que não são ambiciosos, nem exagerados. Sempre houve a tendência não aceita por nenhum dos dois, mas inevitável. Ela, que quer, também cansa. Querer sozinho cansa, já haviam lhe avisado. E mesmo assim ela se aventurou, deu cara a tapa, sorriu pra sorte... Mas nem a sorte e nem ele viram esse sorriso. E ninguém aguenta viver acompanhada por sua própria invisibilidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário