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terça-feira, 10 de junho de 2008

Um ano e mais um dia.

Deitada no assoalho, molhando a manga da blusa com dores de cutuvelo, dormiu. Afastou os pensamentos das noites de festa em avenida movimentada, dos abraços com cheiro de confiança, das rodinhas de violão com músicas repetidas. Desfez os sorrisos falsos. Chorava a nostalgia, e a falta de tato que tinha o passado. Era a perda, não de uma pessoa, mas de muitas personalidades. Reclamava o começo de um fim, gritava o distanciamento da juventude. Primeiro foram lhe tirando o chão, depois lhe foi imposto um teto. Os joelhos que já não funcionavam mais, dobraram e cobriram a barriga. Por horas, ainda ao assoalho, ficou em formato de feto com os olhos vendados pelas lágrimas. Abafou a respiração e passou a rir, num ponto de desespero. Deu-se conta que outra menina sentará no seu lugar, abraçará seus outros amigos, cantará as mesmas músicas e vai rir das mesmas coisas. Ninguém é insubstituível por tanto tempo.

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