- Os planos mudaram - disse Maria.
- Mudaram? - perguntou Beatriz, ansiosa.
- Sim.
- Que planos?
- Os nossos, oras.
- Tínhamos planos?
- Sempre tivemos.
- Planos da vida?
- Da vida! - Disse Maria, com um ligeiro sarcasmo na voz. - Que planos da vida, garota? Não se faz planos para a vida!
- Bem, eu faço, mamãe...
- Você sonha, ambiciona, deseja, inventa, mas não planeja - disse a mulher, num tom categórico.
- Tudo bem, então! - A garota se irritava com os tipos de diálogos que tinha com a mãe. "Como ela pode simplesmente falar como uma tirana, sem ao menos ouvir argumentos, sem conseguir conversar?"
- E você irá estudar fora - continuou Maria, um pouco mais cautelosa agora -, num colégio interno para garotas, no sul da Suíça.
- Estudar fora? Colégio interno? - A garota estava séria, as sobrancelhas se juntando, formando uma só linha.
- Foi o que eu disse.
- E isso não é um plano pra vida?
- Não, não é. É uma medida calculista imediata que não vai alterar tanto o seu futuro. Você simplesmente terminará os estudos lá e depois irá para a faculdade que quiser.
- É a minha vida! Eu não vou!
- Vai.
- Não, mãe! A senhora não entende? Eu tenho amigos aqui, a minha vida é aqui!
- A sua vida não é em lugar nenhum. Você vai.
- Mãe! - Exclamou Beatriz, num tom de súplica.
- E é melhor fazer as malas, o seu avião partirá às três horas. Engula o choro e não proteste, eu sou sua mãe e mando em você. Não tente argumentar comigo, nem por um segundo pense nisso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário