As luzes apagadas sempre foram mais reconfortantes. O sofá estava macio. O chá estava esfriando. O tempo estava quase parando. No momento presente existiam apenas as silhuetas das coisas e o ruído móvel e longe dos carros passando na avenida. Mas dava pra sentir por traz do pescoço, próximo ao ouvido, o som da folhagem hesitante nas arvores e o piscar das estrelas no céu. Já era Outono. Já não existia mais nada ali, ninguém existia em parte alguma. Levantou-se subitamente junto com o que, pensando inconscientemente, nomeou como uma "sensação vazia e estranha”. A suavidade dessa hora iria se perder pra sempre. Tanta suavidade perdida por esse mundo afora...
segunda-feira, 21 de março de 2011
quarta-feira, 9 de março de 2011
a música de outra pessoa
Ela morava no décimo primeiro andar, e escondia alguns sentimentos em uma latinha em cima do seu guarda-roupa. A noite sempre se perdia do seu sono. Era ela contra o seu espelho, perguntando se as coisas voltariam a ficar melhor. Nunca parou para pensar como seria começar do zero, até porque o zero nunca havia existido para ela, que desde pequena aprendeu que se começava sempre a contar pelo número um.
O garoto do oitavo andar tinha um topete lindo e sempre vestia um blazer preto de golas levantadas pelo pescoço. Tinha um vício e de madrugada gastava metade do seu maço de cigarros esperando...
Esperar era um verbo que ela sempre dizia ser sem ação, como um substantivo comum. Era camuflado entre os seus, e covarde, pois se escondia em salas de espera, revistas fúteis e relógios de parede. Mas de qualquer forma, ela esperava pelas duas da manhã, quando descia pelas escadas até o térreo, e passava por um rapaz de topete que tinha o costume de fumar pelos corredores do seu andar.
Eles tinham essa mania de fingir não se notar.
Ele pedia o elevador, e ela voltava pelas escadas. Ele alcançava a calçada, e ela chegava em casa. Ele atravessava a rua, e ela abria a janela. Ele acendia um cigarro, e ela afastava a cortina. Ele olhava para ela, e ela olhava para ele. Dois sorrisos.
O garoto do oitavo andar tinha um topete lindo e sempre vestia um blazer preto de golas levantadas pelo pescoço. Tinha um vício e de madrugada gastava metade do seu maço de cigarros esperando...
Esperar era um verbo que ela sempre dizia ser sem ação, como um substantivo comum. Era camuflado entre os seus, e covarde, pois se escondia em salas de espera, revistas fúteis e relógios de parede. Mas de qualquer forma, ela esperava pelas duas da manhã, quando descia pelas escadas até o térreo, e passava por um rapaz de topete que tinha o costume de fumar pelos corredores do seu andar.
Eles tinham essa mania de fingir não se notar.
Ele pedia o elevador, e ela voltava pelas escadas. Ele alcançava a calçada, e ela chegava em casa. Ele atravessava a rua, e ela abria a janela. Ele acendia um cigarro, e ela afastava a cortina. Ele olhava para ela, e ela olhava para ele. Dois sorrisos.
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