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domingo, 17 de setembro de 2017

como um gato

tem noite que fico como um gato, 
deitada na janela,
observando as luzes da cidade,
as estrelas no céu,
pensando sobre cada ponto,
cada virgula, 
cada letra,
cada palavra,
que toda aquela vida ali logo abaixo e acima de mim, 
me dava pra pensar na minha,

nessa minha vida de gato.

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

das coisas que não se apagam

No fundo da tela a tal da mensagem:
minúscula em um celular
falava de um tal de amor imenso
nem pra ser em papel de carta
pra deixar amarelar

a mensagem piscava
pela luz escassa
rolando debaixo do meu dedo
essa tal de tela touch:
um toque e tudo pode desmanchar

E não haveria durex para remendos
nem papel picado no lixo
só um botão, e não haveria rastros
a tecnologia sem querer inventou amor etéreo:
a virtualidade deixou as palavras desnudas de corpos.

Posso deixar então, por ora
o amor amado
guardado na memória do aparelho
há outras coisas por dentro de mim
que precisaram ser arquivadas

Ah benzinho, de todas as palavras trocadas
de todos os exageros incontidos
de todo o silêncio confortável
essa mensagenzinha nanica
é a minha favorita.