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domingo, 27 de maio de 2012

Só, assim - parte 2

Sem Sentidos

[...] guardando um ultimo suspiro, um ultimo impulso pro fim que se anunciava como uma nova tentativa de começo. Abrindo os olhos, mostrava as pupilas para alguém que a olhava por entre a alternância do obscuro e da luminosidade que incindia nos poros, nos pelos. Que invadia os cantos mais secretos, trazendo às mãos a vontade de dar carinho, trazendo à boca o desejo de receber um convite, quiçá, uma invasão. Chegando a manhã, os músculos relaxados, o cérebro oxigenado, os pulmões expandidos, pensara em dar mais uma chance a vida.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

com Sol e Lua no céu

A caixinha estava aberta de linha e agulha para celebrar a ocasião: haviam devolvido o meu coração, envolto em um pano branco e neutro. Assim, sem nenhuma digital, ninguém sabia por quais mãos ele havia transitado.

da arte do amor

“(...) Ele veio e não tornou nada fácil, e nem difícil. Não veio como alguém que entra na sua vida pra fazer a diferença. Não veio como quem fica, senta, se acomoda. Nem como quem vai e deixa um rastro de saudade e destruição. Não veio pra ser minha primeira opção, ou segunda, ou última… Ele simplesmente veio e subitamente se tornou minha própria vida. Nunca foi uma opção, porque ele chegou e não me deixou outra opção a não ser amá-lo com tudo que tenho, com tudo que tinha, e com tudo que ainda teremos.”

domingo, 13 de maio de 2012

Olhar fundo e ver você até você me olhar fundo e me ver

Você não tem nem ideia do tanto de coisa que cabe dentro do meu olhar. Todas as palavras que tem em cada micro pedacinho dos desenhos que rodeiam minhas pupilas e lá dentro delas. E sabe menos ainda das palavras que eu queria dizer com a boca, mas só existem aqui, nessas esferinhas que me apresentam ao mundo, e a você. 
E é por acaso possível você saber de tudo que penso e que quase penso e do que nem cabe nos meus pensamentos quando olha no buraquinho negro que tem nesse meu globo ocular? É possível você saber, algum dia, do desejo imenso que minha retina tem de saltar pra fora de mim e te prender aqui dentro, pra eu nunca mais parar de te ver e de me ver nesse espelho que tem aí em você?

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Só, assim

Depois a noite atrofiava os músculos, depois o tédio atrofiava o cérebro, e foi assim, depois que o pulmão virou fumaça. Bem, não era nada, nem era alguém. Já não era. E se fosse, no vai e vem dessas idéias cansadas, qualquer um perderia seus sentidos. Ia dando descaso à vontade de falar, fechando-se à vontade de ouvir, mostrava as pálpebras para não olhar, deitava de bruços para as palmas não tocar. Depois se afogando na preguiça, no mar de sono posto um travesseiro, foi o fim. Dormindo um tempo que não tinha, desistindo de desistir da desistência.