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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

sobre as maiores palavras do mundo

Engasgado, travado, quase sufocado. E sufocando. Não sai. Da garganta não passa. Ta entalado. Ele pensa em colocar tudo pra fora, arrancar de dentro da garganta – e do peito. Mas não sai. E olha no fundo dos olhos dela como se isso fosse um dedo na garganta, e nada. Nem um som. E ele sabe, ela ta lá pra isso. E ele sabe que tudo que ela mais quer é essas palavras vomitadas aos ouvidos dela. E ele sabe que ela engasgou junto com ele. Ta toda sufocada e as vezes chora pra aliviar a pressão que essas malditas – ou benditas? – palavras fazem na garganta. Ele chora junto. Deita no colo. Esperneia. Ela olha ele, de cara inchada, olho vermelho, e finalmente sente aquelas palavras enormes se soltarem da garganta e escorrerem pra ponta da língua... mas não solta. Segura firme, engole de novo. Respira fundo.
E se ela falasse, ele falaria. Mas ela só fala se ele falar. Respira fundo. 
Um dia desengasga.

Um comentário:

  1. Aiiiii, essas palavras engasgadas na garganta que dá uma vontade enorme de soltar, junto com um medo enorme de não fazer retroceder! Essas palavras lindas, avassaladoras, perigosas, mas essas palavras tão especiais! Ai ai ai.

    Como sempre, seu texto ficou lindo!

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