"Não, não precisa levantar. Pode ficar bem aí, no sofá, pra ouvir o que tenho pra dizer. Mas antes fecha esse teu sorriso, eu não estou de volta. Ouviu? Roubei o carro do meu pai, dirigi até aqui, passei pelo seu porteiro curioso, subi esse elevador cheirando mofo só pra te dizer exatamente isso: eu não estou de volta. Pode ficar com tudo. Seus livros empilhados seus discos mal guardados suas plantas semi-mortas que eu não rego mais. Pode ficar com tudo. Com esse vaso de flores amarelas e de plástico com esse seu apartamento minúsculo e com essa caixa de fósforos quase vazia. Não quero nada. E eu só achei que você deveria saber que você pode ficar com tudo. Com os meus beijos e meus apertos e meus carinhos feitos quando eu, tola, achava que era você o que eu andava precisando. Nada. Não quero nada e achei que você deveria saber que esta é a ultima vez que você me viu por este olho-mágico riscado, antes de me espiar por ele, já de costas, no rol com marcas de mãos pretas pelas paredes, indo embora de uma vez por todas ao entrar naquele elevador que demora pra chegar e demora pra descer e demora ate pra abrir aquela porta mofada pra que finalmente, eu vá embora. Eu só achei que devia lhe avisar que não quero mais nada. Que você precisava saber que esta é a ultima vez que estou pisando nesse seu carpete encardido e olhando pra todo esse caos que um dia chamamos de paraíso. Não, não precisa levantar, não. Você pode ouvir tudo daí, com essa bunda grudada no sofá. Eu só passei mesmo pra dizer que não quero nada de volta. Nem aqueles beijos todos que te dei. Eu poderia te fazer cuspir um por um agora mesmo, de joelhos sobre esse carpete encardido, mas eles não vão me fazer falta e eu estou com um pouco de pressa. Só passei mesmo pra lhe avisar que não, eu não estou de volta."
(desconhecido à mim)
(desconhecido à mim)
FODA!
ResponderExcluire você se inspirou no Caio F, acertei?
gênial!
pareceu mesmo textos de caio F.lindo ele.e sabe que cheguei a ter pena dele tadinho,acho que ele amava ela.
ResponderExcluirPena dele? ¬¬
ResponderExcluir...Ela AMA quem gostaria que ele fosse, não quem ele é.
Ele pode até amá-la...mas não o suficiente. Não o suficiente para MERECÊ-LA. Nem ao menos o suficiente para desgrudar a bunda do sofá.
Ela fez bem em partir.
Jogou fora finalmente os discos que vinha colecionando e que nunca iria ouvir.
E dentro do velho elevador que cheirava a mofo como nunca, como numa montanha russa, veio-lhe um arrepio na espinha que desceu até a barriga e ali ficou por alguns instantes. Ela sentiu cheiro de medo.
Disfarçou pra si mesma ajeitando o cabelo. E por um segundo pensou em voltar ao antigo paraíso e abraçar novamente o abismo que a cercava. Apertou as pontas dos dedos contra a palma de suas mãos e deu um passo trêmulo, forçando-se a lembrar de suas próprias palavras: Não, eu não estou de volta.
Sentiu seus cabelos tocando o seu rosto com o gosto doce do vento, e se achou a mais colorida das flores naquele momento.
O que era aquilo? Uma sensação indescritívelmente boa de alívio...de felicidade.
Sem foto e sem nome...
Sempre por aqui, sim. rs
É anônimo, da um gostinho a mais nos seus comentários essa falta de 'identidade'.
ResponderExcluirMas não posso negar que queria MUITO saber quem é você.