quarta-feira, 26 de setembro de 2012
vem?
Apressa o passo, atropela o sinal, dirige atento e vem correndo. Oferece a face, derrapa em gelatina, ameaça chover e me beija. Troveja em seus olhos, desenhe corações de vento com seus dedos, dance com uma elegância antiquada e tropece no meu nome. Abra o guarda chuva - começou a chover - pula a poça, sorri para o cachorro, escuta o som de vidraças e pede desculpas. O tempo é curto, de manhã chega logo, sugira um bom restaurante que eu te mordo em frases lentas. Pegue o jornal da manhã seguinte, o horóscopo diz que é amor, você conversa sobre cor, eu quero o silêncio do seu modo de sorrir. Revela a fotografia, compra uma flor, desenha toda a garantia de uma vida no meu peito, com giz de cera e fita de cetim. Eu quero muito você pra mim.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
juntando
Seus olhos verdes de criança que brincam me dão forças para seguir em frente. Continue querendo fazer sua vida intensa. Porque você já é. Continue sofrendo por amor. Sofrer por amor é respeitar a vida. Acredite em você. Ser complexo é ser inteiro. Enfrente de frente as nuvens carregadas no seu caminho. A chuva faz a gente renovar. Esqueça o passado. Seu presente é o seu sorriso tão lindo, e o seu sorriso tão lindo agora é meu.
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
aos pedaços
Um ponto fixado no tempo onde tudo mudou. Mudança calada, que arranha a garganta. Daquele dia em que o chão partiu sob seus pés. Foi
ali, naquela queda, que se perdeu varios pedaços de si. Um pedaço que permitia aos pés dançar no meio da rua sem medo, outro pedaço
do sorriso que se abria sem vergonha dos seus dentes tortos, e outro, que deixava o coração se jogar sem estar antes bem amarrado à
quatro cordas. Da queda só sobrou fragmentos de tudo que ela sabia viver, e hoje ela caminha partida, partindo daqui.
Hoje, ela caminha o mundo pra provar os pedaços dos seus sorrisos que encontra por aí.
a sete chaves
Tem um amontoado de palavras e angustias e vontades e amor muito muito amor mesmo explodindo dentro daquela menina.
Ta fechado emperrado trancado entalado entrelaçado retraído bloqueado impregnado.
E ela pede por favor alguém me abre alguém me lê alguém entende alguém me vê por favor alguém...
Ta fechado emperrado trancado entalado entrelaçado retraído bloqueado impregnado.
E ela pede por favor alguém me abre alguém me lê alguém entende alguém me vê por favor alguém...
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
do sorriso daquele menino
E quando sentei ao lado dele, ele me abraçou e me encheu de cócegas. Eu, que sempre detestei cócegas, entendi ali, meio àquela euforia de palpitações, que o amava. E ele me sorriu, porque ele sabia. Ele sabia.
domingo, 16 de setembro de 2012
cena principal
Ele girou o anel no dedo e depois passou a mão no meu cabelo. Sorriu meio de lado, piscou rápido três vezes. Manteve nas bochechas duas covinhas de simpatia. Manteve no olhar dois brilhinhos de felicidade. Acariciou minha mão. Balbuciou palavras, mas não me deixou entender. Deitou no meu colo, e manteve o tempo parado por alguns minutos. Virou de costas, me deu uma estrada de pintas pra brincar. E as suas pintas escreviam a história que eu ainda não decidi se quero guardar só pra mim, ou gritar pro mundo. Mas quero entrar nela, de algum jeito. Pintas que montam as reticências que ele colocou no meu sorriso. Tanta coisa que a gente tem pra pensar, pra preocupar, e eu só conseguia pensar no quanto ele repuxa o canto da minha boca e me tira do lugar.
É, ele girou meu mundo e depois passou a mão no meu coração. Mesmo.
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
da liberdade de ser quem se é
Ela estava correndo sem olhar pra trás. Ela corria pra que aquele vento forte batesse no seu rosto mais forte do que as verdades impostas à ela. Ela corria pra que aquele vento forte fosse mais cortante do que a estranheza que as verdades causavam. Era como se o vento inspirasse nela alguma coisa… alguma coisa sem nome – algo relacionado à vontade de continuar e ao mesmo tempo de ir para o outro lado do mundo. Não sei, era como se ela se encontrasse no meio de uma palavra com dois significados, e não gostasse muito de nenhum deles. Ela queria uma terceira palavra. Com um significado só. Mas esse ela não soube explicar.
Se enrolou com os cabelos embaraçando no rosto e disse gritando que sabia de apenas uma coisa no momento. Ela não quer parar. Ela quer correr para o mundo com as próprias pernas – mas com os braços dados a alguém.
Se enrolou com os cabelos embaraçando no rosto e disse gritando que sabia de apenas uma coisa no momento. Ela não quer parar. Ela quer correr para o mundo com as próprias pernas – mas com os braços dados a alguém.
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
cai de novo sobre mim
Recaem teus olhos de novo nos meus. Sentados, joelhos com joelhos abraçam o que os olhos evitam enxergar. Olhos fugitivos que gritam que não pode às bocas salivantes. Recaem as brincadeiras, o leve toque que usamos ao inventar e recontar histórias engraçadas um do outro. Velhos charmes que interrompem o esquecimento, novos jeitos de pegar na mão que recobram os antigos. Cheiro, toque, pelo em pele lisa e cabeça que desce no meu ombro, deslizando pedindo conforto. Bocas que reaprenderam novas formas de se beijarem. Calmo, quente. No banco de passageiro as horas passam de forma diferente. A música que embala o trajeto foi escrita para nós, anos atrás. Você se aproximou de novo de mim, depois de tanto tempo. Enquanto isso não tinha acontecido, não sentia falta. Hoje as coisas mudam, recai, recaem, recaídas. Sobre mim, de novo, o peso delicioso que é gostar de você.
domingo, 9 de setembro de 2012
tem que haver um jeito
Eu não consigo entender o que acontece comigo. Realmente. Não faço a menor idéia do porque eu ter essas atitudes esdrúxulas e até mesmo qual o intuito delas sequer passarem pela minha cabeça.
E agora, por uma vez mais, eu consegui estragar o que nunca deveria ser estragado. Eu consegui gerar, mais uma vez, a desconfiança da única pessoa que eu quero que confie em mim. Causei o desconforto e desespero no lugar, onde eu finalmente, tinha encontrado a paz e o conforto.
- Tarde demais! Disse ela. Com o seu olhar impetuoso, a mim, que estava sentado nas escadas, cobrindo o rosto com as mãos.
Não existiria mais retorno. Não dessa vez. Uma vez já foi o bastante para o coração macio e calorosos daquela bela menina de 18 anos, que tem a vida pela frente, mas o coração, agora, estilhaçado, como a vitrine de uma joalheria que sofre a infelicidade de ser assaltada.
Por mais que eu tente reiterar, explicar ou convencer de que as coisas não são como parecem ser, de nada vai adiantar, porque o estrago já está feito e minhas súplicas e palavras não servem de nada. Não mais. Nada.
Irônico é o caminhar da vida. Em um dia, tudo está calmo, pacífico e finalmente, entrando nos eixos.
Mas o ocorrido alguns segundos antes da saída de casa, foi um presságio despercebido por ambas as metades do casal, de que, em algum momento posterior, o pior, prestes, estaria a suceder.
Não poderia ter sido diferente o desfecho dessa história.
Ela novamente reclusa em seus cobertores, a chorar copiosamente, enquanto ele, com o semblante abalado, tal qual de um veterano de guerra, apenas olharia para a menina em posição fetal, com gotas escorrendo pelos olhos e indiciando que dessa vez, seria a última vez.
- Você me magoou. E a mágoa ainda não foi embora.
Isso arrasou seu coração, como uma bola de demolição destrói a estrutura fortificada e resoluta dos prédios e galpões.
Não sabe o que fazer.
Nem se existe algo a fazer.
Está deslocado em seu próprio eixo.
E agora, por uma vez mais, eu consegui estragar o que nunca deveria ser estragado. Eu consegui gerar, mais uma vez, a desconfiança da única pessoa que eu quero que confie em mim. Causei o desconforto e desespero no lugar, onde eu finalmente, tinha encontrado a paz e o conforto.
- Tarde demais! Disse ela. Com o seu olhar impetuoso, a mim, que estava sentado nas escadas, cobrindo o rosto com as mãos.
Não existiria mais retorno. Não dessa vez. Uma vez já foi o bastante para o coração macio e calorosos daquela bela menina de 18 anos, que tem a vida pela frente, mas o coração, agora, estilhaçado, como a vitrine de uma joalheria que sofre a infelicidade de ser assaltada.
Por mais que eu tente reiterar, explicar ou convencer de que as coisas não são como parecem ser, de nada vai adiantar, porque o estrago já está feito e minhas súplicas e palavras não servem de nada. Não mais. Nada.
Irônico é o caminhar da vida. Em um dia, tudo está calmo, pacífico e finalmente, entrando nos eixos.
Mas o ocorrido alguns segundos antes da saída de casa, foi um presságio despercebido por ambas as metades do casal, de que, em algum momento posterior, o pior, prestes, estaria a suceder.
Não poderia ter sido diferente o desfecho dessa história.
Ela novamente reclusa em seus cobertores, a chorar copiosamente, enquanto ele, com o semblante abalado, tal qual de um veterano de guerra, apenas olharia para a menina em posição fetal, com gotas escorrendo pelos olhos e indiciando que dessa vez, seria a última vez.
- Você me magoou. E a mágoa ainda não foi embora.
Isso arrasou seu coração, como uma bola de demolição destrói a estrutura fortificada e resoluta dos prédios e galpões.
Não sabe o que fazer.
Nem se existe algo a fazer.
Está deslocado em seu próprio eixo.
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
sobre quem ama mais
Beatriz percebeu os sinais, aquelas premissas que preenchem os segundos antes do primeiro beijo. Mas não reagiu, apenas esperou com a boca entre aberta. Claro, o seu coração reagiu: passou a correr assim que os lábios se encontraram. Parecia que fugia desesperadamente, que já sabia que tentavam apanhá-lo, roubá-lo para a insensatez apaixonada.
O cérebro de Beatriz ainda não havia processado toda aquela coisa de razão, a razão estava de férias na verdade, só voltaria quando a merda toda já estivesse feita. Porém, processou muito bem as sensações, e fez com que a mão da outra garota deslizando pelo seu braço arrepiasse todos os seus pelos, e permitiu ainda, que ela sentisse a mão da garota apertar os seus dedos. Foi como apertar um botão, e o amor aconteceu diante dos olhos de Beatriz. Mas seus olhos estavam fechados enquanto sua língua sentia um novo sabor. Se ela tivesse visto, quem sabe até desse tempo de vestir uma armadura, pegar o escudo, desembainhar a espada e lutar contra. Que bobagem! Ninguém consegue ver o tal do amor aparecer. E quando se vê, já se está rendido, ele já lhe roubou o corpo, a razão, e usa da sua voz para dizeres lindos. Se quer saber, até os dentes da Beatriz começaram a forçar sorrisos o tempo todo.
Com o passar dos dias, Beatriz passou a reagir por si só. Tudo começou a fazer efeito, como uma pílula que se toma pela boca e o corpo começa a digerir. E aos poucos ela foi digerindo a idéia, até que um dia se olhou no espelho e constatou que estava realmente apaixonada. Foi como a maior descida da montanha-russa, sem voltas, apenas uma queda cheia de borboletas batendo suas lindas asas coloridas dentro de sua barriga. Por falar em cores, elas ficaram muito mais vivas, os olhos passaram a enxergar a beleza em tudo. Beatriz sentiu que com a outra garota do seu lado, tanto fazia o cenário, tudo era bom: uma mesa para dois, uma calçada, um gramado, parque, ruas, quartos, salas, pátios, lojas, bancos, filas, esconderijos, a puta que pariu! De repente, o tempo resolve passar mais rápido, os sonhos aumentam de tamanho, o futuro vira um quadro bonito na parede, e acordar faz mais sentido.
Há tantos motivos para o fim de uma paixão: o famoso prazo de três anos, a mesmisse ou rotina, distância, mentiras, covardia, pouco caso e desapreço, ciúmes, tempestades, brigas com direito a roupas pelo ar e móveis caindo pela janela, desamor, infidelidade, e etcétera, e etcétera, e etcétera. Para não escolher o etcétera, eu vou escolher a infidelidade, que nada mais é uma soma de muitas das coisas que citei a cima. Na verdade, a infidelidade escolheu a Beatriz.
Quando o novo deixou de ser novo, perdeu a cor, perdeu o que interessava e entediou. Beatriz entediava, envelheceu o amor da outra garota, que de velho, morreu. Coisas como essas não se podem prever, não se têm aviso prévio, chegam a qualquer hora e os olhos não podem acompanhar. Alguém chegou, chacoalhou a outra garota, e lhe roubou o coração. Sabe, alguém sempre ama mais, geralmente é sempre quem sofre mais. Corações não se trocam, se roubam. É tudo uma questão de quem é o ladrão. Beatriz perdeu o coração, e a garota de descuidada que era, deixo-o cair no chão, e quebrou.
Era novidade chorar assim. O cenário de qualquer um, passou para nenhum. O tempo parou. Os sonhos diminuíram. O futuro caiu da parede. Nada mais fazia sentido. E não se podia lavar a mente dos pensamentos, muito menos das lembranças. Era preciso lidar com isso. Então a razão quis voltar, mas seu lugar já estava ocupado. Apertando-se um pouco aqui e alí com os devaneios de Beatriz, pôde-se tomar seu posto empoeirado de volta, mas doía um pouquinho. Tá, doía para caralho!
O cérebro de Beatriz ainda não havia processado toda aquela coisa de razão, a razão estava de férias na verdade, só voltaria quando a merda toda já estivesse feita. Porém, processou muito bem as sensações, e fez com que a mão da outra garota deslizando pelo seu braço arrepiasse todos os seus pelos, e permitiu ainda, que ela sentisse a mão da garota apertar os seus dedos. Foi como apertar um botão, e o amor aconteceu diante dos olhos de Beatriz. Mas seus olhos estavam fechados enquanto sua língua sentia um novo sabor. Se ela tivesse visto, quem sabe até desse tempo de vestir uma armadura, pegar o escudo, desembainhar a espada e lutar contra. Que bobagem! Ninguém consegue ver o tal do amor aparecer. E quando se vê, já se está rendido, ele já lhe roubou o corpo, a razão, e usa da sua voz para dizeres lindos. Se quer saber, até os dentes da Beatriz começaram a forçar sorrisos o tempo todo.
Com o passar dos dias, Beatriz passou a reagir por si só. Tudo começou a fazer efeito, como uma pílula que se toma pela boca e o corpo começa a digerir. E aos poucos ela foi digerindo a idéia, até que um dia se olhou no espelho e constatou que estava realmente apaixonada. Foi como a maior descida da montanha-russa, sem voltas, apenas uma queda cheia de borboletas batendo suas lindas asas coloridas dentro de sua barriga. Por falar em cores, elas ficaram muito mais vivas, os olhos passaram a enxergar a beleza em tudo. Beatriz sentiu que com a outra garota do seu lado, tanto fazia o cenário, tudo era bom: uma mesa para dois, uma calçada, um gramado, parque, ruas, quartos, salas, pátios, lojas, bancos, filas, esconderijos, a puta que pariu! De repente, o tempo resolve passar mais rápido, os sonhos aumentam de tamanho, o futuro vira um quadro bonito na parede, e acordar faz mais sentido.
Há tantos motivos para o fim de uma paixão: o famoso prazo de três anos, a mesmisse ou rotina, distância, mentiras, covardia, pouco caso e desapreço, ciúmes, tempestades, brigas com direito a roupas pelo ar e móveis caindo pela janela, desamor, infidelidade, e etcétera, e etcétera, e etcétera. Para não escolher o etcétera, eu vou escolher a infidelidade, que nada mais é uma soma de muitas das coisas que citei a cima. Na verdade, a infidelidade escolheu a Beatriz.
Quando o novo deixou de ser novo, perdeu a cor, perdeu o que interessava e entediou. Beatriz entediava, envelheceu o amor da outra garota, que de velho, morreu. Coisas como essas não se podem prever, não se têm aviso prévio, chegam a qualquer hora e os olhos não podem acompanhar. Alguém chegou, chacoalhou a outra garota, e lhe roubou o coração. Sabe, alguém sempre ama mais, geralmente é sempre quem sofre mais. Corações não se trocam, se roubam. É tudo uma questão de quem é o ladrão. Beatriz perdeu o coração, e a garota de descuidada que era, deixo-o cair no chão, e quebrou.
Era novidade chorar assim. O cenário de qualquer um, passou para nenhum. O tempo parou. Os sonhos diminuíram. O futuro caiu da parede. Nada mais fazia sentido. E não se podia lavar a mente dos pensamentos, muito menos das lembranças. Era preciso lidar com isso. Então a razão quis voltar, mas seu lugar já estava ocupado. Apertando-se um pouco aqui e alí com os devaneios de Beatriz, pôde-se tomar seu posto empoeirado de volta, mas doía um pouquinho. Tá, doía para caralho!
terça-feira, 4 de setembro de 2012
dos íamos
Poderíamos ficar juntos nessa vida. Teríamos um apartamento, com um comodo pra fazer todo tipo de arte. Uma sala grande cheia de almofadas coloridas e coisas que a gente mesmo fez - no comodo da arte. Ah, e aquele lustre que eu tanto sonho em montar, você ia brigar pra não pendurarmos na sala - e ia acabar ficando no nosso corredor, mas tudo bem. Viajaríamos sem rumo nos fins de semana, só pra assistir o pôr do Sol de lugares diferentes. Colecionaríamos essas fotos, dos nossos vultos abraçados olhando a paisagem do dia que se deita. Assistiríamos TV na sala, de pijamas e pantufas, mas dormiríamos só com o corpo do outro e o cobertor. Você cheirando minha nuca, e eu fazendo carinho no seu braço, de conchinha – o jeitinho de dormir mais gostoso desse mundo. Eu te acordaria com cafuné e você me daria aquele seu olhar inchado de bom dia – o olhar mais lindo do mundo. Nossa geladeira só teria congelados e coca-cola, e sairíamos pra jantar nas noites chuvosas. No meio de cada discussão eu te beijaria pra parar a briga. E no meio de cada abraço você apoiaria seu queixo na minha cabeça e eu iria querer morder suas clavículas. Eu riria sem motivos e você perguntaria porque. Eu não responderia, saberíamos.
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
amor de gaveta
Ela tinha por ele um desses amores que descrevem nos livros. De bambear as pernas, esfriar a barriga e sacudir o mundo todo. O mundo dela. Ele passava por ela e sacudia, e sacudia, e sacudia. Tanto, que um dia o mundo dela colidiu com o dele. Ouve uma explosão maior que o big bang, e aqui é onde a história de encheu de meteoros enfeitando o céu e firulas.
Criou-se então a paixão por cílios, costas delineadas, cabelo raspado e aquele rabisco verde bagunçado em volta das pupilas dele. Nasceu-se então a paixão por bochechas carnudas e vermelhas, pintas no pescoço, dedinho torto e aqueles dentes desproporcionais que tornavam o sorriso dela encantador. Não houveram brigas. Só amor, muito amor mesmo, a partir das 23:30. Mas brigas, nunca. Tão nunca que desentendimentos se enrolaram na garganta de cada um, até entalar e entupir o amor.
Entrou-se num longo período de idas e vindas. Com lagrimas, com sorrisos enormes; com ausências, com abraços eternos; com saudades, com nostalgias; com pedidos pra ficar, com pedidos pra esquecer. Com vida além do amor, com amor por outras vidas.
Empacotou-se então, um desses amores que descrevem nos livros, com todo carinho do mundo, em caixinha de madeira e um laço branco, e trancou-se na gaveta.
E a chave?
Se perdeu dentro das trocas confusas de olhares do ultimo encontro. Se fragmentou nos sorrisos rapidos das casualidades. Se extinguiu, então, nas palavras não ditas e na vontade de um abraço não dado.
Ninguém nunca disse que era um livro com final feliz.
domingo, 2 de setembro de 2012
another forever
virei antagonista
só não sei se sua.
só não sei se minha.
só não sei se dela.
qual a nossa música tema?
só não sei se a sua e dela.
a sua e minha.
ou a minha e a dela.
quem se ama nessa história?
se você ainda ama ela,
eu só sei que te amo agora
porque amo um pouco ela.
se ela te fez assim agora,
quem sou eu pra falar mal dela?
ainda bem que eu não fui ea antes
porque se não agora ea seria eu
e eu seria ela.
e você continuaria sendo você.
com qualquer uma das duas.
e não vai demorar:
cairás sobre nós
a quarta pessoa.
só não sei sobre quem primeiro:
eu, você ou ela?
só não sei se sua.
só não sei se minha.
só não sei se dela.
qual a nossa música tema?
só não sei se a sua e dela.
a sua e minha.
ou a minha e a dela.
quem se ama nessa história?
se você ainda ama ela,
eu só sei que te amo agora
porque amo um pouco ela.
se ela te fez assim agora,
quem sou eu pra falar mal dela?
ainda bem que eu não fui ea antes
porque se não agora ea seria eu
e eu seria ela.
e você continuaria sendo você.
com qualquer uma das duas.
e não vai demorar:
cairás sobre nós
a quarta pessoa.
só não sei sobre quem primeiro:
eu, você ou ela?
love is just a game
Em cima da mesa via-se aposta, embaixo seus pés ficavam entrelaçados, dados como nó. No horizonte do seu olhar nada de beijo, nada de procura real. Vivia chutando farelo para debaixo do tapete, sua manga era feita de cartas e possuía os mais lindos olhos tapados por óculos escuros. Não importava com quem se deite de noite, rapaz. É nela que você pensa por fim. Diz que não. O corpo dela é simetricamente um quebra cabeças para seu chão, depois você cola e pendura em uma moldura e aprecia o trabalho que te deu.
Não vacila na curva que ela te deixa. Não corre muito que ela para no meio do caminho. Não para desse jeito porque ela foge em sentido contrário. Não diga não que ela foi feita de muito sim, desde que nasceu. Mas não te diga mais um sim porque ela gosta de desafios.
Ela bate na mesa, pede seis. Seu parceiro pede nove, você não acredita nisso. Ela grita alto na sua orelha e depois lhe dá uma lambida úmida.“Doze. Que acha?” Aceito o desafio ela descruza as pernas e tira os óculos. Entende agora que ela sabia que você tava de jogo ganho? Pela a primeira vez, ela deixou que alguém a vencesse. Pela primeira vez, ela abandonou o jogo, descruzou as pernas e jogou a armadura no mar. Voou todo o céu que existe, transcorreu o universo, ganhou o mundo.
Pensou então em passar a vida com você.
Não vacila na curva que ela te deixa. Não corre muito que ela para no meio do caminho. Não para desse jeito porque ela foge em sentido contrário. Não diga não que ela foi feita de muito sim, desde que nasceu. Mas não te diga mais um sim porque ela gosta de desafios.
Ela bate na mesa, pede seis. Seu parceiro pede nove, você não acredita nisso. Ela grita alto na sua orelha e depois lhe dá uma lambida úmida.“Doze. Que acha?” Aceito o desafio ela descruza as pernas e tira os óculos. Entende agora que ela sabia que você tava de jogo ganho? Pela a primeira vez, ela deixou que alguém a vencesse. Pela primeira vez, ela abandonou o jogo, descruzou as pernas e jogou a armadura no mar. Voou todo o céu que existe, transcorreu o universo, ganhou o mundo.
Pensou então em passar a vida com você.
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