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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

maybe I'm amazed

Tem essas músicas que falam comigo, e é tudo. Da melodia até a letra, das sensações até as lembranças que trazem e as situações que criam na minha cabeça. Feito um abraço seu que não carrega apenas os seus braços, mas também seu cheiro, seu peso, e os nossos sentimentos, envolvidos junto com os meus, tudo junto. E é tudo.

o capítulo novo

E desde que você chegou, as páginas passadas tantas e tantas vezes re-lidas, amarelaram. Eu já não pude mais olhar para trás.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

over-thinking

Primeiro acho que foi o medo. Medo de mudar de idéia, de que linhas se cruzassem por outros sentidos. Parágrafos se confrontando... eu odiava a minha confusão, eu odiava. Depois era a falta de tato com as coisas que eu sentia, e o medo delas se tornarem reais. Se eu fosse listar meus medos... eu sou um saco deles. Um saco de medos. E o silêncio, teclas sem movimentos, um teclado dormindo. É como um pesadelo de infância que sempre se repete: os pés grudam no chão, o monstro está chegando, e você não consegue se mexer. Acorda.
Quem vai desgrudar os meus pés? Pessoas. Eu sempre quero pessoas, e elas são cheias de... pessoas. Uma pessoa nunca vem sozinha. Eu queria ter matado o silêncio antes do antes, o meu e o seu. Deveria ter furado aquela parede que ele levantou. O desperdício nunca vai sair da minha mente, e eu contaria azulejos de madrugada, eu devoraria livros, montaria casas e casas de papel, se eu pudesse simplesmente parar de pensar no desperdício.

abril/2012

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

panorama

Quando olho dentro de mim, e mastigo tudo o que sobrou, entendo dessa sobra algo muito maior. E as mudanças não são mais sinônimo de qualquer coisa ruim - como a impressão que sempre carreguei comigo. Apenas alcanço mais longe com os olhos agora, como algo que se assemelhe a um grande caminho visto por cima. Dentro do meu panorama de vontades e sentimentos, eu sei muito bem onde posso, e onde quero chegar.
Vivemos morrendo por aí.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

reflexos

Eu tenho um pouco de medo das palavras. Eu tenho medo da interpretação dos outros, da pretensão. Tenho medo das ilusões, medo de tudo o que é, mesmo que pouco, distante, de tudo o que se afasta, e tenho mais medo ainda das coisas que eu não sei. E sabe, gosto de tornar tudo belo. Sou mesmo de colorir as lembranças, e enfeitar as conversas, sou de ensaiar momentos que seriam lindos mesmo sem meus ensaios... só que é disso que eu gosto. Mas eu já disse que tenho um pouco de medo das palavras? Eu tenho medo da interpretação dos outros, da pretensão. Tenho medo das ilusões, e tenho mais medo ainda das coisas que eu não sei.

sábado, 10 de novembro de 2012

sobre enxergar

Ele nunca a olhou de verdade, nunca passou os dedos sobre as pintinhas do pescoço dela, contando pra saber quantas eram. Não reparou em como ela muda o cabelo pra tentar saber como ele prefere. Não entendeu que o tamanho do sorrir dela é igual ao quase-desespero que ela esconde por gostar tanto dele. Ele nunca a enxergou. Não reparou que ela ta sempre lá, pra segurar a mão dele, apoiar sua cabeça, fazer massagem nos pés exaustos. Não viu ela caminhando com todo cuidado pra não pisar em nenhuma ferida que ele tenha do passado. Não percebeu que o olhar dela pede muito, mas muito mais... e que ela não consegue mais segurar seus próprios desejos, que não são ambiciosos, nem exagerados. Sempre houve a tendência não aceita por nenhum dos dois, mas inevitável. Ela, que quer, também cansa. Querer sozinho cansa, já haviam lhe avisado. E mesmo assim ela se aventurou, deu cara a tapa, sorriu pra sorte... Mas nem a sorte e nem ele viram esse sorriso. E ninguém aguenta viver acompanhada por sua própria invisibilidade.
"Adeus, amor... O mundo me espera brilhar, espera me ver indo longe, voar. O mundo quer brilho nos olhos de todo mundo que vive. E eu, que não reflito mais nos seus, quero voltar a me enxergar. Já cansei de ficar nesse escuro que é gostar de você."

terça-feira, 6 de novembro de 2012

digressão do meio dia

A pior sensação é essa que as vezes tenho de de que te vi na vitrine e não pude pagar. E passo todos os dias para te ver atrás do vidro, sem poder te levar embora. Como eu queria poder te levar embora!

Seis de Novembro

De palavras bem escritas e vidas paralelamente sintonizadas nasceu. De tudo que se viveu, que se vive e que ainda e vai viver ela sobrevive. E vive pra compartilhar sorrisos, multiplicando-os. E vive pra dividir tristezas, amenizando-as. Ela é a coisa mais preciosa que se pode criar entre duas pessoas: a amizade. Ou devo chamar de irmandade? Cumplicidade? Não sei, não importa e não precisa nomear, não precisa rotular. Só precisa estar lá. E a gente está. Uma pra outra, pra dar a mão, acolher, conversar, escutar, desabafar, aconselhar e sonhar... sonhos de lustres, almofadas, sacadas, viagens, histórias e muitos livros enfeitando nossas prateleiras. E tudo vai ser lindo e tudo vai ficar bem e sempre haverá nossa sintonia de irmãs com famílias diferentes. "Irmãs de alma". E hoje fazem trezentos e sessenta e cinco dias que alguém me entende.

Obrigada, Marcela Lima.

domingo, 4 de novembro de 2012

quando volta o romantismo

Não sei mesmo como entrei nessa situação, nada poderia ser mais inesperado. Juro que estava andando sem pressa, mantendo sempre a calma na frente. Mas tudo nele é tão viciante. Ainda não sei dizer o que é que ele tem. Ontem mesmo, eu estava dentro de um ônibus, tomando conta da minha vida, e ele apareceu em algum trecho de qualquer música que tocava nos meus fones de ouvido. A primeira coisa que fiz foi abrir a caixa de texto do meu celular para digitar algumas palavras para ele, daquelas palavras que adoramos ouvir. Não sou assim. Na verdade, sou. Mas estava mesmo mesmo tentando fugir desse negócio todo. Estava tentando ser alguém sensato, diferente do que já experimentei, e tentando não me deixar levar por ninguém. O pior é que ele não me leva, ele me traz. É esquisito, eu sei. A questão é que não me sinto perdida de mim, perdida na vida de uma outra pessoa. Estou certa das minhas próprias coisas. Ouso dizer que estou livre. E quando ele liberta as minhas frases rimadas, meus sonhos pintados, meus longos suspiros... Ele me traz, definitivamente, ele me traz de volta.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

colecionando quases

Os dois estavam abraçados e a cena toda parecia muito bonita, muito calma, muito tranquila, mesmo. Eles se olhavam de forma carinhosa e sorriam tímidos um pro outro. Ele segurava a não dela e ela então, em uma explosão emotiva resolveu falar. – Já cansei de segurar quem eu sou só pra não te assustar. Cansei de escrever sobre a minha intensidade e impulsividade e blá blá blá, mas se tanto falo, é porque não sei ser de outro jeito. Sei menos ainda viver de outro jeito. E já tô cansada de tentar. Cansei dos seus quases e dos seu meio termos, meio mornos. Eu sei que você me quer, tanto quanto eu te quero. Eu sei. Então me deixa sentir liberdade de me ser com você. Para com esse bloqueio que você nem sabe que me dá. Eu tô mesmo doida por você. Deixa eu me jogar, me derramar. E vê se me segura direito. Ou me solta de vez. – Mas então, ele puxou um outro assunto qualquer e ela resolveu ficar quieta. Deixa pra lá.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

let it rain

Pensar em você me esquenta, mesmo nesse friozinho que a chuva trouxe. Queria ouvir sua voz baixinho agora, seria ainda mais gostoso do que esse som da água batendo na minha janela. Às vezes eu acho que sou terrivelmente romântica. Ou, às vezes, deve ser só vontade de você.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

sem título

Dessa vergonha que sentou do nosso lado, eu nem lembrava mais. Vem, me resolve essa vontade que eu tenho de te descobrir, esse gostar sem possuir, sem sofrer, nos braços da infância. E cada olhar bobo, fim de assunto tímido, comentário que chega de alguém que conta, vira grande coisa, fica repetindo na cabeça. Então eu quero ouvir com euforia, de novo e de novo o mais mínimo detalhe que te escapou de mim. A gente vem vindo devagarzinho e devagarzinho, sem ficarmos tontos. Que de apontar para a nuvem, te vi no céu, de um azul bem azul como a água da piscina nos seus olhos. Nesses eu mergulho sem bóia nem nada. Que me afogue. E que seja bem fundo, porque de rasos eu já me cansei.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

questão de gosto

Pega no meu braço, mastiga a minha vida e cospe suas respostas. Da dor que sobra na minha angústia se fez o combustível da sua fuga, e dentro daquele buraco que ninguém colocou em mim, ainda se perdem gestos. Não tenho mais forças para escalar o muro de dificuldades que você construiu. O tempo envelhece as pessoas e os seus hábitos. Se desfez o impacto, e o tempo passa descontraído, quase sempre distraído para oque queríamos de nós. Não decidi escolher de um só para falar, se todos tem um restinho do mesmo; os atraentes cabelos bagunçados, as vidas e personalidades tortas, e os defeitos que me interessam.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

como um peixe

Chegou em seu quarto e chorou tudo o que guardava a seco dentro do peito. E sufocava, e virou água, e deixou que escorressem os dias. As bolhas levaram todo o seu fôlego para a superfície, quando então, acabou por se afogar. E a dor não morre por falta de ar.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

É, esperar cansa.

sem título

O "não sei" sempre me caiu bem. Não que eu goste, mas ele simplesmente faz parte de mim e escorre da minha boca quando me encostam na parede dos meus sentimentos. Sinceramente eu não sei o que pode ser feito com isso. Sei que a muito tempo, algo emaranhado dentro de mim foi desfeito. Livrou-me tão perfeitamente de um amor que começou torto e continuou crescendo assim, fim. Mas me livrou também da facilidade de comunicar, demonstrar, expor tudo que cresce dentro de mim. O problema é que eu preciso de garantias, ando precisando muito disso. Eu tenho algumas, e pretendo continuar com elas, como um amuleto ou quem dirá uma bússola. E essas dizem para eu ficar aqui, exatamente aqui. Parada, e também calada, guardada. Olha, eu não alcanço aonde vão meus sonhos. Eles me levariam longe, tão tão longe. Mas quisera eu agora aprender a estar em dois lugares ao mesmo tempo. É, eu devaneio assuntos e faço rodeio com meus objetivos, sempre, e cá estou eu. Sabe que eu odeio ter as mãos atadas para te provar as coisas enfeitadas que vivo dizendo? Isso quando justamente estou sendo tão eu. Mesmo sem esperanças - ou assustadoramente cheia delas - continuo esperando.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

sobre o modo de olhar

As vezes eu acho que você só veio abrir uma porta para mim, com entrada para a primavera. E quando eu me perco no reflexo de um vidro de janela, olhando sem olhar para a paisagem se mexendo, é dentro de uns sorrisos que ainda não visitei. Engraçado como as possibilidades chegam como presente das pessoas. Viver aquilo que a gente quer não deveria sem complicado, não quando é assim, sereno. Não quando encaixa tudo tão bem. E um abraço que eu imagino, e olhos deitados, e bocas sorrindo, cheiro de edredom... É fácil, sabe? É tudo tão fácil na minha cabeça.

domingo, 14 de outubro de 2012

asfixia

Era como ter um saco plástico envolto em meu rosto, ouvir as palavras tocarem meus ouvidos sem cuidado. O som amargo. O gosto áspero. O cheiro mudo. Tudo do meu mundinho imaginário, recolhido em pedaços no chão. Perdi-me nas palavras secas e na falta de emoção daqueles instantes gélidos. Sufoquei-me na esperança, maldita esperança que tá sempre aí, esperando pra iludir e se despedaçar.
Mas é que esperar virou rotina, e da vergonha fingir não saber, fingir tudo bem. Da vergonha fingir, porque eu não sou assim.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

de nanquim

Do capítulo novinho em folha, tanto que quis que pedi que falei, implorei, tanto cuidado receio ou estupidez, escrevi com a minha melhor letra e no meio da história a caneta estourou. Borrou tudo dalí pra frente, páginas que eram brancas estão respingadas de incertezas do que vai caber alí, afinal? Respingos que pedem para ser contornados de palavras bonitas que aquela mão escritora não consegue gesticular. Do capítulo novinho em folha passada branca e com cheirinho viciante de papel fresco, sobrou um começo de história seguido por medos e incertezas e mais receios que dominam aquele buraco negro vazio e angustiante que a tinta derramou e aqueles respingos que se dizem consequências das palavras talvez erradas escritas anteriormente. É tanta ansiedade que dá nisso, desastre desatento dessa mão que hoje só sabe tremer, perdida que está.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

de mim

Sempre fui do tipo que se joga, de cabeça, se dedica por inteira em tudo que vive. Nunca soube entrar de mansinho, reconhecer o ambiente e me adaptar aos poucos. Se é pra ser, vou com tudo. E se não for, dou de cara no chão. E gosto, mesmo assim. Aquela dor de ir até o fundo, sem ninguém pra me acolher, bater no chão, sangrar... isso sempre me deu algum tipo de prazer. E entre tudo que vou de cabeça, tenho em mim essa fúria principalmente por amor. Sempre vivi amores intensamente do começo ao fim. E a culpa não é minha se eles morrem. Se suicidam. Ou são mortos rápido ou lentamente por mãos alheias. Já dei culpa ao fato de me chamarem de estrela - sim, estrela, "raio de sol" e essas coisas que brilham, brilham e brilham, mas que também caem ou apagam ou são substituídos. E não me diga que nada substitui. Ninguém é eternamente insubstituível por ninguém. De um jeito ou de outro, o espaço que fica vazio um dia é preenchido por alguma outra coisa. Afinal, até coisas vazias contém o vazio. Só não pode ser preenchido de escuridão. Mas se for, que seja, e que seja uma escuridão tão intensa, que acabe. Exploda.
Porque nenhuma intensidade é eterna, ainda bem.
Mas é sempre substituível por outras coisas, intensas, porque essa sou eu... Uma sucessão de intensidades.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

sob a chuva

Deus riscou o céu de cores que cegam, de raios e relâmpagos ensurdecedores. Em meio á cidade cinza os passos se tornaram gigantes, em busca do ultimo metrô a menina corria contra a brisa de chuviscos leves, que levavam a maquiagem embora, mas que em troca lhe dava um resfriado. Corria sem olhar para os lados, até o momento que se achou patética o suficiente para cair no riso que mesmo solitário, fora cumprido e prazeroso. Era bom se sentir linda quando estava na verdade esquisita. Do lado de fora do mundo, ela sentou no meio da calçada e de braços bem abertos quis que cada parte do seu corpo compartilhasse a água decorrente do sol antes forte. Estava tomando chuva de sol, de noite, sem lua, sem estrelas. Os bueiros vomitavam o que de ruim engoliam, e sem escolha, enchiam a cidade proibindo o transito, retirando a luz das lâmpadas e trazendo para todos o calor das chamas das velas que por toda as ruas se acendiam. A menina se dizia menina, mas todos já sabiam que era moça. Seu RG dizia dezoito, ela respondia vinte e dois. Brigavam sempre, ele com razão, ela com vontade de ter nascido antes, mesmo que morresse antecipadamente também. Quando o caos atingiu a sua realidade distante, tudo voltou a ser apático e o pânico de estar bem longe de casa lhe dava um ar desesperador, quase sufocante. Seus sapatos á arrastavam de jeito pesado e lento até algum abrigo. A memória lhe puxou até a bolsa, que sem nenhum trocado respondera a ela o quanto estava em apuros. Já não sabia o que fazer. Não era a primeira vez aquele ano que algo extraordinário acontecia. Estava se acostumando com a desgraça, a chuva aumentava, o frio rebatia, as pessoas não importavam e o celular foi esquecido quando sentara na calçada. Todo prazer uma hora vira prejuízo, e se um supera o outro pouco sabia – ela só tinha dezoito anos, e tudo que se lembrava quando realmente precisava era desses poucos momentos de loucura, uma quase rebeldia instantânea. Um desânimo gigante se estendia, aquela preguiça de segunda feira dava-se agora em uma sexta de noite. Fome, sede, sono, sozinha. Uma menina de blusa vermelha no meio da cidade branco e preto. Aquele choro de saudade da mãe quando dormia na casa da colega, agora, sentia falta de estar rodeada das pessoas feias e desconhecidas que pouco a pouco iam entrando em suas casas. O último metrô já havia ido embora há tempos, outro só de manhã. Uma noite fora de casa pode remeter e trazer muitas coisas na vida de alguém, mas para ela lhe trouxe mais do que isso. Lhe trouxe o futuro, que começaria pouco tempo depois...

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

vem?

Apressa o passo, atropela o sinal, dirige atento e vem correndo. Oferece a face, derrapa em gelatina, ameaça chover e me beija. Troveja em seus olhos, desenhe corações de vento com seus dedos, dance com uma elegância antiquada e tropece no meu nome. Abra o guarda chuva - começou a chover - pula a poça, sorri para o cachorro, escuta o som de vidraças e pede desculpas. O tempo é curto, de manhã chega logo, sugira um bom restaurante que eu te mordo em frases lentas. Pegue o jornal da manhã seguinte, o horóscopo diz que é amor, você conversa sobre cor, eu quero o silêncio do seu modo de sorrir. Revela a fotografia, compra uma flor, desenha toda a garantia de uma vida no meu peito, com giz de cera e fita de cetim. Eu quero muito você pra mim.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

juntando

Seus olhos verdes de criança que brincam me dão forças para seguir em frente. Continue querendo fazer sua vida intensa. Porque você já é. Continue sofrendo por amor. Sofrer por amor é respeitar a vida. Acredite em você. Ser complexo é ser inteiro. Enfrente de frente as nuvens carregadas no seu caminho. A chuva faz a gente renovar. Esqueça o passado. Seu presente é o seu sorriso tão lindo, e o seu sorriso tão lindo agora é meu.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

aos pedaços

Um ponto fixado no tempo onde tudo mudou. Mudança calada, que arranha a garganta. Daquele dia em que o chão partiu sob seus pés. Foi ali, naquela queda, que se perdeu varios pedaços de si. Um pedaço que permitia aos pés dançar no meio da rua sem medo, outro pedaço do sorriso que se abria sem vergonha dos seus dentes tortos, e outro, que deixava o coração se jogar sem estar antes bem amarrado à quatro cordas. Da queda só sobrou fragmentos de tudo que ela sabia viver, e hoje ela caminha partida, partindo daqui. Hoje, ela caminha o mundo pra provar os pedaços dos seus sorrisos que encontra por aí.

a sete chaves

Tem um amontoado de palavras e angustias e vontades e amor muito muito amor mesmo explodindo dentro daquela menina.
Ta fechado emperrado trancado entalado entrelaçado retraído bloqueado impregnado.
E ela pede por favor alguém me abre alguém me lê alguém entende alguém me vê por favor alguém...

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

do sorriso daquele menino

E quando sentei ao lado dele, ele me abraçou e me encheu de cócegas. Eu, que sempre detestei cócegas, entendi ali, meio àquela euforia de palpitações, que o amava. E ele me sorriu, porque ele sabia. Ele sabia.

domingo, 16 de setembro de 2012

cena principal

Ele girou o anel no dedo e depois passou a mão no meu cabelo. Sorriu meio de lado, piscou rápido três vezes. Manteve nas bochechas duas covinhas de simpatia. Manteve no olhar dois brilhinhos de felicidade. Acariciou minha mão. Balbuciou palavras, mas não me deixou entender. Deitou no meu colo, e manteve o tempo parado por alguns minutos. Virou de costas, me deu uma estrada de pintas pra brincar. E as suas pintas escreviam a história que eu ainda não decidi se quero guardar só pra mim, ou gritar pro mundo. Mas quero entrar nela, de algum jeito. Pintas que montam as reticências que ele colocou no meu sorriso. Tanta coisa que a gente tem pra pensar, pra preocupar, e eu só conseguia pensar no quanto ele repuxa o canto da minha boca e me tira do lugar. É, ele girou meu mundo e depois passou a mão no meu coração. Mesmo.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

da liberdade de ser quem se é

Ela estava correndo sem olhar pra trás. Ela corria pra que aquele vento forte batesse no seu rosto mais forte do que as verdades impostas à ela. Ela corria pra que aquele vento forte fosse mais cortante do que a estranheza que as verdades causavam. Era como se o vento inspirasse nela alguma coisa… alguma coisa sem nome – algo relacionado à vontade de continuar e ao mesmo tempo de ir para o outro lado do mundo. Não sei, era como se ela se encontrasse no meio de uma palavra com dois significados, e não gostasse muito de nenhum deles. Ela queria uma terceira palavra. Com um significado só. Mas esse ela não soube explicar.
 Se enrolou com os cabelos embaraçando no rosto e disse gritando que sabia de apenas uma coisa no momento. Ela não quer parar. Ela quer correr para o mundo com as próprias pernas – mas com os braços dados a alguém.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

cai de novo sobre mim

Recaem teus olhos de novo nos meus. Sentados, joelhos com joelhos abraçam o que os olhos evitam enxergar. Olhos fugitivos que gritam que não pode às bocas salivantes. Recaem as brincadeiras, o leve toque que usamos ao inventar e recontar histórias engraçadas um do outro. Velhos charmes que interrompem o esquecimento, novos jeitos de pegar na mão que recobram os antigos. Cheiro, toque, pelo em pele lisa e cabeça que desce no meu ombro, deslizando pedindo conforto. Bocas que reaprenderam novas formas de se beijarem. Calmo, quente. No banco de passageiro as horas passam de forma diferente. A música que embala o trajeto foi escrita para nós, anos atrás. Você se aproximou de novo de mim, depois de tanto tempo. Enquanto isso não tinha acontecido, não sentia falta. Hoje as coisas mudam, recai, recaem, recaídas. Sobre mim, de novo, o peso delicioso que é gostar de você.

domingo, 9 de setembro de 2012

tem que haver um jeito

Eu não consigo entender o que acontece comigo. Realmente. Não faço a menor idéia do porque eu ter essas atitudes esdrúxulas e até mesmo qual o intuito delas sequer passarem pela minha cabeça.

E agora, por uma vez mais, eu consegui estragar o que nunca deveria ser estragado. Eu consegui gerar, mais uma vez, a desconfiança da única pessoa que eu quero que confie em mim. Causei o desconforto e desespero no lugar, onde eu finalmente, tinha encontrado a paz e o conforto.

- Tarde demais! Disse ela. Com o seu olhar impetuoso, a mim, que estava sentado nas escadas, cobrindo o rosto com as mãos.

Não existiria mais retorno. Não dessa vez. Uma vez já foi o bastante para o coração macio e calorosos daquela bela menina de 18 anos, que tem a vida pela frente, mas o coração, agora, estilhaçado, como a vitrine de uma joalheria que sofre a infelicidade de ser assaltada.

Por mais que eu tente reiterar, explicar ou convencer de que as coisas não são como parecem ser, de nada vai adiantar, porque o estrago já está feito e minhas súplicas e palavras não servem de nada. Não mais. Nada.

Irônico é o caminhar da vida. Em um dia, tudo está calmo, pacífico e finalmente, entrando nos eixos.

Mas o ocorrido alguns segundos antes da saída de casa, foi um presságio despercebido por ambas as metades do casal, de que, em algum momento posterior, o pior, prestes, estaria a suceder.

Não poderia ter sido diferente o desfecho dessa história.

Ela novamente reclusa em seus cobertores, a chorar copiosamente, enquanto ele, com o semblante abalado, tal qual de um veterano de guerra, apenas olharia para a menina em posição fetal, com gotas escorrendo pelos olhos e indiciando que dessa vez, seria a última vez.

- Você me magoou. E a mágoa ainda não foi embora.

Isso arrasou seu coração, como uma bola de demolição destrói a estrutura fortificada e resoluta dos prédios e galpões.

Não sabe o que fazer.

Nem se existe algo a fazer.

Está deslocado em seu próprio eixo.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

da Mallu


sobre quem ama mais

Beatriz percebeu os sinais, aquelas premissas que preenchem os segundos antes do primeiro beijo. Mas não reagiu, apenas esperou com a boca entre aberta. Claro, o seu coração reagiu: passou a correr assim que os lábios se encontraram. Parecia que fugia desesperadamente, que já sabia que tentavam apanhá-lo, roubá-lo para a insensatez apaixonada.
O cérebro de Beatriz ainda não havia processado toda aquela coisa de razão, a razão estava de férias na verdade, só voltaria quando a merda toda já estivesse feita. Porém, processou muito bem as sensações, e fez com que a mão da outra garota deslizando pelo seu braço arrepiasse todos os seus pelos, e permitiu ainda, que ela sentisse a mão da garota apertar os seus dedos. Foi como apertar um botão, e o amor aconteceu diante dos olhos de Beatriz. Mas seus olhos estavam fechados enquanto sua língua sentia um novo sabor. Se ela tivesse visto, quem sabe até desse tempo de vestir uma armadura, pegar o escudo, desembainhar a espada e lutar contra. Que bobagem! Ninguém consegue ver o tal do amor aparecer. E quando se vê, já se está rendido, ele já lhe roubou o corpo, a razão, e usa da sua voz para dizeres lindos. Se quer saber, até os dentes da  Beatriz começaram a forçar sorrisos o tempo todo.
Com o passar dos dias,  Beatriz passou a reagir por si só. Tudo começou a fazer efeito, como uma pílula que se toma pela boca e o corpo começa a digerir. E aos poucos ela foi digerindo a idéia, até que um dia se olhou no espelho e constatou que estava realmente apaixonada. Foi como a maior descida da montanha-russa, sem voltas, apenas uma queda cheia de borboletas batendo suas lindas asas coloridas dentro de sua barriga. Por falar em cores, elas ficaram muito mais vivas, os olhos passaram a enxergar a beleza em tudo.  Beatriz sentiu que com a outra garota do seu lado, tanto fazia o cenário, tudo era bom: uma mesa para dois, uma calçada, um gramado, parque, ruas, quartos, salas, pátios, lojas, bancos, filas, esconderijos, a puta que pariu! De repente, o tempo resolve passar mais rápido, os sonhos aumentam de tamanho, o futuro vira um quadro bonito na parede, e acordar faz mais sentido.
Há tantos motivos para o fim de uma paixão: o famoso prazo de três anos, a mesmisse ou rotina, distância, mentiras, covardia, pouco caso e desapreço, ciúmes, tempestades, brigas com direito a roupas pelo ar e móveis caindo pela janela, desamor, infidelidade, e etcétera, e etcétera, e etcétera. Para não escolher o etcétera, eu vou escolher a infidelidade, que nada mais é uma soma de muitas das coisas que citei a cima. Na verdade, a infidelidade escolheu a Beatriz.
Quando o novo deixou de ser novo, perdeu a cor, perdeu o que interessava e entediou. Beatriz entediava, envelheceu o amor da outra garota, que de velho, morreu. Coisas como essas não se podem prever, não se têm aviso prévio, chegam a qualquer hora e os olhos não podem acompanhar. Alguém chegou, chacoalhou a outra garota, e lhe roubou o coração. Sabe, alguém sempre ama mais, geralmente é sempre quem sofre mais. Corações não se trocam, se roubam. É tudo uma questão de quem é o ladrão. Beatriz perdeu o coração, e a garota de descuidada que era, deixo-o cair no chão, e quebrou.
Era novidade chorar assim. O cenário de qualquer um, passou para nenhum. O tempo parou. Os sonhos diminuíram. O futuro caiu da parede. Nada mais fazia sentido. E não se podia lavar a mente dos pensamentos, muito menos das lembranças. Era preciso lidar com isso. Então a razão quis voltar, mas seu lugar já estava ocupado. Apertando-se um pouco aqui e alí com os devaneios de Beatriz, pôde-se tomar seu posto empoeirado de volta, mas doía um pouquinho. Tá, doía para caralho!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

dos íamos

Poderíamos ficar juntos nessa vida. Teríamos um apartamento, com um comodo pra fazer todo tipo de arte. Uma sala grande cheia de almofadas coloridas e coisas que a gente mesmo fez - no comodo da arte. Ah, e aquele lustre que eu tanto sonho em montar, você ia brigar pra não pendurarmos na sala - e ia acabar ficando no nosso corredor, mas tudo bem. Viajaríamos sem rumo nos fins de semana, só pra assistir o pôr do Sol de lugares diferentes. Colecionaríamos essas fotos, dos nossos vultos abraçados olhando a paisagem do dia que se deita. Assistiríamos TV na sala, de pijamas e pantufas, mas dormiríamos só com o corpo do outro e o cobertor. Você cheirando minha nuca, e eu fazendo carinho no seu braço, de conchinha – o jeitinho de dormir mais gostoso desse mundo. Eu te acordaria com cafuné e você me daria aquele seu olhar inchado de bom dia – o olhar mais lindo do mundo. Nossa geladeira só teria congelados e coca-cola, e sairíamos pra jantar nas noites chuvosas. No meio de cada discussão eu te beijaria pra parar a briga. E no meio de cada abraço você apoiaria seu queixo na minha cabeça e eu iria querer morder suas clavículas. Eu riria sem motivos e você perguntaria porque. Eu não responderia, saberíamos.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

amor de gaveta

Ela tinha por ele um desses amores que descrevem nos livros. De bambear as pernas, esfriar a barriga e sacudir o mundo todo. O mundo dela. Ele passava por ela e sacudia, e sacudia, e sacudia. Tanto, que um dia o mundo dela colidiu com o dele. Ouve uma explosão maior que o big bang, e aqui é onde a história de encheu de meteoros enfeitando o céu e firulas.
Criou-se então a paixão por cílios, costas delineadas, cabelo raspado e aquele rabisco verde bagunçado em volta das pupilas dele. Nasceu-se então a paixão por bochechas carnudas e vermelhas, pintas no pescoço, dedinho torto e aqueles dentes desproporcionais que tornavam o sorriso dela encantador. Não houveram brigas. Só amor, muito amor mesmo, a partir das 23:30. Mas brigas, nunca. Tão nunca que desentendimentos se enrolaram na garganta de cada um, até entalar e entupir o amor. 
Entrou-se num longo período de idas e vindas. Com lagrimas, com sorrisos enormes; com ausências, com abraços eternos; com saudades, com nostalgias; com pedidos pra ficar, com pedidos pra esquecer. Com vida além do amor, com amor por outras vidas. 

Empacotou-se então, um desses amores que descrevem nos livros, com todo carinho do mundo, em caixinha de madeira e um laço branco, e trancou-se na gaveta. 

E a chave? 
Se perdeu dentro das trocas confusas de olhares do ultimo encontro. Se fragmentou nos sorrisos rapidos das casualidades. Se extinguiu, então, nas palavras não ditas e na vontade de um abraço não dado. 

Ninguém nunca disse que era um livro com final feliz.

domingo, 2 de setembro de 2012

another forever

virei antagonista
só não sei se sua.
só não sei se minha.
só não sei se dela.

qual a nossa música tema?
só não sei se a sua e dela.
a sua e minha.
ou a minha e a dela.

quem se ama nessa história?
se você ainda ama ela,
eu só sei que te amo agora
porque amo um pouco ela.

se ela te fez assim agora,
quem sou eu pra falar mal dela?

ainda bem que eu não fui ea antes
porque se não agora ea seria eu
e eu seria ela.

e você continuaria sendo você.
com qualquer uma das duas.

e não vai demorar:
cairás sobre nós
a quarta pessoa.
só não sei sobre quem primeiro:
eu, você ou ela?

love is just a game

Em cima da mesa via-se aposta, embaixo seus pés ficavam entrelaçados, dados como nó. No horizonte do seu olhar nada de beijo, nada de procura real. Vivia chutando farelo para debaixo do tapete, sua manga era feita de cartas e possuía os mais lindos olhos tapados por óculos escuros. Não importava com quem se deite de noite, rapaz. É nela que você pensa por fim. Diz que não. O corpo dela é simetricamente um quebra cabeças para seu chão, depois você cola e pendura em uma moldura e aprecia o trabalho que te deu.

Não vacila na curva que ela te deixa. Não corre muito que ela para no meio do caminho. Não para desse jeito porque ela foge em sentido contrário. Não diga não que ela foi feita de muito sim, desde que nasceu. Mas não te diga mais um sim porque ela gosta de desafios.

Ela bate na mesa, pede seis. Seu parceiro pede nove, você não acredita nisso. Ela grita alto na sua orelha e depois lhe dá uma lambida úmida.“Doze. Que acha?” Aceito o desafio ela descruza as pernas e tira os óculos. Entende agora que ela sabia que você tava de jogo ganho? Pela a primeira vez, ela deixou que alguém a vencesse. Pela primeira vez, ela abandonou o jogo, descruzou as pernas e jogou a armadura no mar. Voou todo o céu que existe, transcorreu o universo, ganhou o mundo.

Pensou então em passar a vida com você.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O mundo é tão pouco meu, que essa parcela insignificante do que me pertence as vezes parece se dissolver por completo. E essa parte tão pouco minha das coisas vai pra onde?

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

cala frio

Ele pressionava os dedos contra qualquer nota do piano, que se perturbava em notas pela dor que causava. Lá na última fileira, uma menina sentia os pelos se arrepiarem por debaixo de tantas blusas de frio, que inutilmente trançadas de tricô não seguraram um corpo faiscante.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

morde o lábio

Menina esparramada no sofá, beirando cair, pêndula nos braços de que nunca temeu a queda.

Cabelos dela preso em mãos tuas.

Menina desmanchava no sofá, compartilhando segundos de plenitude.

Eles se olhavam tão de perto, e na ótica da Menina os dois se misturavam e se tornavam par.

Beijavam em toques leves de lábios as mãos que chegavam ao seu rosto.

Menina de longe parecia estranha.

De perto Menina queria morder os olhos dele,
E em cima dos olhos o cabelo para todos os lados, em cima dos cabelos o teto, em cima do teto o céu e estrelas, e depois disso...

Menina não soube me explicar.

Cada abraço precisava de longos minutos de respiração, para rápidos segundos de inspiração.

Cada beijo que davam, diziam coisas sem palavras.

Perguntou à Menina o que sentia quando leu teu texto sobre eles.

Menina só pode abraçar e sussurrar:
- Isso.

A noite se estendeu para a madrugada, levantou o sol e virou dia.

Menina resolveu se explicar:

Quando meu coração leve bate lento, são os barulhos, os esbarrões e os sentidos de te ter ao meu lado. Parar você em algumas linhas é complicado, dá vontade de sair correndo de cada letra e chegar ao seu lado. O coração, também, bate forte e rápido na tentativa falha de te encaixar em qualquer coisa que já tenha existido pra mim. Não é porque os outros deram errado, é porque você parece ser o certo. Na descoberta do novo, do único, o coração vive em paz e alegria, toca notas desconexas e se torna música.

No compasso latejante Menina ainda não conseguiu dizer o que tanto precisa.

Mais do que dizer, ela precisa sentir tudo por ele.

E se sentir nele.

Para que ele se sinta nela.

Menina mandou dizer que sente, sente muito.
Sente você.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

sobre as maiores palavras do mundo

Engasgado, travado, quase sufocado. E sufocando. Não sai. Da garganta não passa. Ta entalado. Ele pensa em colocar tudo pra fora, arrancar de dentro da garganta – e do peito. Mas não sai. E olha no fundo dos olhos dela como se isso fosse um dedo na garganta, e nada. Nem um som. E ele sabe, ela ta lá pra isso. E ele sabe que tudo que ela mais quer é essas palavras vomitadas aos ouvidos dela. E ele sabe que ela engasgou junto com ele. Ta toda sufocada e as vezes chora pra aliviar a pressão que essas malditas – ou benditas? – palavras fazem na garganta. Ele chora junto. Deita no colo. Esperneia. Ela olha ele, de cara inchada, olho vermelho, e finalmente sente aquelas palavras enormes se soltarem da garganta e escorrerem pra ponta da língua... mas não solta. Segura firme, engole de novo. Respira fundo.
E se ela falasse, ele falaria. Mas ela só fala se ele falar. Respira fundo. 
Um dia desengasga.

outra vida

E Agosto nenhum diria que eu estaria aqui, inserida nesse contexto tão novo pra tão pouco tempo de transição. Por isso, as vezes quando eu fecho os olhos esqueço o que vou ver quando abrir. Assusto, caio nas minhas próprias armadilhas, confundo pessoas e repito velhos erros. As peças reestreiam, os velhos casais de amigos ainda estão juntos. Corta-se o cabelo um bilhão de vezes e chega-se a conclusão que no fundo falso do coração sempre há a marca amarelada de uma outra realidade que ficou por muito tempo estendida dentro dele.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

insônia

São altas horas da madrugada e eu não consigo dormir. Todo mundo ta dormindo. Na minha visão de mundo estão, pelo menos. Salvo os meus três contatos de MSN que estão online, dois deles compartilham comigo o porquê de estarem na mesma que eu.

 O primeiro é a biografia de seu próprio personagem. Estranho, mas nem foi ele que escreveu. Tem lá os seus vinte quatro anos de carcaça e uns duzentos de olhar. Não fuma, se droga muito raramentee pouco faz sexo. Brincando de Deus, ou de bala perdida, ou de ataque de nervos dou a ele mais dois anos de vida. Não, vai! Dois dias. Sem ser pessimista... Mas ele é o tipo de pessoa multi-atarefada, que corre o tempo todo atrás do que ele próprio fez correr mais rápido. Tá no trabalho, agora. As quatro quase cinco da manhã, me dizendo que queria sair comigo sábado. Mas sábado não posso. Então ele vai perguntar para os outros três (no máximo) amigos que tem, e em caso negativo, ele vai ficar em casa jogando PlayStation e tomando vitamina com canudinho. A outra fica acordada até essa hora porque o bichinho virtual dela ta apitando. Deve estar com fome. Ou melhor, deve tá carente/depressivo/chorão com crises iguais a minha e precisa, mais do que tudo, que alguém o alimente. E fome é foda. Quando é de verdade, devastadora, você mete goela abaixo qualquer coisa que te derem. Sejam promessas de filme, fotos que só mostram o rosto ou olhares que nunca se viram. Essa minha amiga deve estar colocando o bichinho virtual dela pra dormir, agora. Sabe como é, amanhã tem mais uma sessão de amor virtual, de distração momentânea.

 A outra pessoa sou eu. Mas desde o começo esse texto tem a principal função de me esquecer um pouco, antes que eu vomite.

domingo, 5 de agosto de 2012

quando explode

E toda a banda tocou intensamente naquela noite uma espécie de baile de carnaval. Cara, me esquece na balada, tô muito doido! Foi em novembro e as luzes coloridas dançavam no seu rosto de palavras meio ditas. Você acha que eu to suando assim por que? Você não tem idéia do que eu sinto por você. Fui ao banheiro acender um cigarro. Olha, quando eu voltar você vai me dizer o que é tudo isso aí que você sente por mim, pode ir criando coragem. E quando eu voltei pra pista, ele disse que me amava. Disse eu também amo você. Eu queria te dizer isso faz muito tempo e... Sei lá, eu to com vontade de chorar. Ele chorava pelo os poros do seu corpo, nunca pelo os olhos. Mas eu chorei ao usual. Não conseguíamos nos beijar, abraçar, ou parar o tempo. O tempo corria como nunca havia antes. Repetíamos as palavras, de novo e de novo. Eu te amo assim, pra caralho! Eu também te amo. Aliás, eu prefiro dizer que eu também amo você. Mas eu te amo faz uns três meses, mas eu não sabia se era recíproco. Eu tinha me esquecido de fumar, ele se esqueceu de beber, a festa nos esqueceu e eu não tenho idéia de que música estava tocando. Minha lágrima era discreta, e as palavras dele pareciam um canal com um coração que explodiam na boca. As minhas saiam com serenidade. Ficamos ali, equilibrados nas nossas diferenças e juntos em uma só expressão. Eu amo você.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Fato.

A vida é feita de abandonos.

no piscar da folha que cai

Se passa tanto tempo desejando a mudança que não se vê ela acontecendo. E quando se vê, estamos lá, com a nossa mão esquerda cruzando os dedos da mão direita de uma nova pessoa dentro daquele carro diferente, dirigindo em uma rua que a pouco tempo atrás você não conhecia, vindo de uma casa que a pouco tempo atrás você não frequentava e indo pra uma casa que a pouco tempo atrás não era a sua. Mas agora é. Nem café você toma mais, agora é chá. De camomila, erva doce, verde, leão. Cada dia prova um sabor novo pra adicionar a coleção.

Tudo muda, tão rápido, e a gente não nota. Mas, nesse de repente, desse piscar de olhos de quando aquela folhinha morta bateu no para-brisas do carro e você foi apreciar ela voando… é ai que você vê tudo novo, tudo lindo de novo. Outro capitulo pra você viver, novinho em folha. Várias e várias folhas branquinhas te esperando, num capítulo que você tem a chance de fazer tudo diferente. Mais claro. Mais limpo. Mais bonito. É, um capítulo novinho em folha… daquela folhinha que morreu e caiu pra outra folha novinha nascer no lugar dela.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

da antecipação

Deitou-se no chão - para que não houvessem quedas - e naquele dia, chorou. Apenas isso. Deixou que escapassem dos seus olhos tudo aquilo que sonhava em não ver. Quando um momento era muito bom, já imaginava como seria a falta do que ainda tinha. Faltava-lhe as coisas que tinha; que tinha distante. E as que quase não tinha; já não tendo.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

com Sol e Lua no céu

A caixinha estava aberta de linha e agulha para celebrar a ocasião: haviam devolvido o meu coração, envolto em um pano branco e neutro. Assim, sem nenhuma digital, ninguém sabia por quais mãos ele havia transitado.

da arte do amor

“(...) Ele veio e não tornou nada fácil, e nem difícil. Não veio como alguém que entra na sua vida pra fazer a diferença. Não veio como quem fica, senta, se acomoda. Nem como quem vai e deixa um rastro de saudade e destruição. Não veio pra ser minha primeira opção, ou segunda, ou última… Ele simplesmente veio e subitamente se tornou minha própria vida. Nunca foi uma opção, porque ele chegou e não me deixou outra opção a não ser amá-lo com tudo que tenho, com tudo que tinha, e com tudo que ainda teremos.”

domingo, 13 de maio de 2012

Olhar fundo e ver você até você me olhar fundo e me ver

Você não tem nem ideia do tanto de coisa que cabe dentro do meu olhar. Todas as palavras que tem em cada micro pedacinho dos desenhos que rodeiam minhas pupilas e lá dentro delas. E sabe menos ainda das palavras que eu queria dizer com a boca, mas só existem aqui, nessas esferinhas que me apresentam ao mundo, e a você. 
E é por acaso possível você saber de tudo que penso e que quase penso e do que nem cabe nos meus pensamentos quando olha no buraquinho negro que tem nesse meu globo ocular? É possível você saber, algum dia, do desejo imenso que minha retina tem de saltar pra fora de mim e te prender aqui dentro, pra eu nunca mais parar de te ver e de me ver nesse espelho que tem aí em você?

quarta-feira, 11 de abril de 2012

pontofinal

Encontrar os pontos finais das minhas histórias. Virar a página. Mudar o livro. Trocar de autor. Pôr outro filme. Ver nova série. Novo diretor. Escolher outra rádio. Ouvir um novo estilo. Outro locutor. Loucutor. Louco tô, quem sabe. Mas se não encontrar o ponto final, faço um aqui. Aqui.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Reescrevendo: Quebra-cabeças

Porque a vida sempre foi um quebra-cabeças. Vários pedacinhos que se encontra por ai pra tentar encontrar a imagem que é você. E cada pedacinho que se acha, te modifica.
Mas, um dia, do nada, a gente sente que todo aquele desenho que vem se formando a tanto e tanto tempo, mudou. As peças que você ja conhecia tão bem, querem se encaixar de forma totalmente diferente dessa vez. Querem montar alguma coisa mais bonita.
E, agora, eu só estou aqui, tentado montar alguma coisa bonita. Um quadro novo, desses de deixar na parede. Às vezes a gente demora para se encaixar, mas é só sair, respirar fundo, olhar tudo quase que de longe, que as coisas encontram o seu lugar, assim, bem aos poucos…

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

a quanto tempo


E eu senti de novo a tal da esperança. Nada mudou. Mas ela veio mesmo assim. Foi como se eu sentisse quase que literalmente uma rosa se abrindo do lado esquerdo do peito. E agora eu tenho um sorrisinho no canto da boca, e vejo o futuro com um brilhinho no olhar.
Nada mudou, a não ser eu mesma. 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Era uma vez duas vidas.

Um dia se encontraram e se acharam mais bonitas juntas,
e viveram e viveram até que viraram uma só. O vento veio.
A tempestade veio. Essa vida caiu, e, como cristal, quebrou.
Se partiu em vários pedacinhos.
Ficou difícil juntar os pedaços em uma vida de novo,
ou em duas, que seja. Pedaços se perderam,
e os que se acharam não se encaixam mais.
Não juntam mais.

E não tem cola que aguente.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

o último gole


E lá se foram... milhões de lagrimas por frase.
Não as ultimas lagrimas. Mas as ultimas frases.
Hora de crescer, e ver o que mais a vida pode ser.

Ou não.

Deve-se cobrir esse buraco antes, com qualquer coisa.
Qualquer coisa, já que não é você.
Esperando que você seja qualquer coisa, um dia.

Um problema: o duplo sentido que essa frase tem. 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

alimento diário

E você vê aquela pessoa que te faz falta em todo lugar que vai e que passa. Você a vê no brilho dos olhos de qualquer um que te encare, por qualquer fração de segundo. E então você acredita. Você acredita que é real. Você acredita… Pra poder sentir a presença daquela pessoa. Acredita pra poder ter algum momento valido no seu dia. Acredita, mesmo sabendo que é tudo mentira.